Um coração contrito e humilhado
30º Domingo do Tempo Tempo Comum – Ano C – 27 de Outubro de 2013
Na semana passada, nosso domingo era marcado pelo tema da oração. Hoje, o Senhor nos explica como deve ser a oração do cristão. O livro do Eclesiástico proclama que o clamor do humilde atravessa as nuvens e não descansa até chegar a Deus. No Evangelho, vemos que a oração presunçosa do arrogante fariseu não alcança as nuvens, e nem sequer chega ao teto do templo, porque é carregada de orgulho e vaidade. Sua oração, que se inicia com uma aparência de agradecimento, não expressa o louvor, mas uma satisfação de si mesmo. Ele mais parece olhar num espelho do que para o céu, preocupado em massagear seu ego, enquanto se compraz em criticar e denunciar os defeitos e fraquezas dos outros. Por sua vez, o publicano, reconhecendo-se pecador, só ousa pedir o perdão e a misericórdia de Deus: “Tem piedade de mim, Senhor, porque sou pecador!”
Já se disse que o contrário do pecado não é a virtude, mas a fé. Uma fé que nos faz abrir os olhos sobre o nosso nada e sobre o tudo que é Deus, sobre nossa miséria e sua misericórdia. Na parábola do fariseu e do publicano, Jesus quer nos mostrar um Deus que, mais do que contar aritmeticamente os nossos pecados, nos diz que uma vez arrependidos, podemos contar com sua misericórdia e seu perdão.
Como grande imagem desta liturgia, devemos reter a figura de São Paulo que, na segunda carta a Timóteo – seu testamento espiritual -, nos mostra como ele mesmo, perseguidor dos cristãos, transformou-se no maior missionário da história da Igreja, combatendo o bom combate, encerrando a carreira, conseguindo guardar a fé até o fim.
Que neste Dia das Missões possamos seguir o exemplo de Paulo que, longe de se vangloriar de seus êxitos, reconhece que toda a sua obra é fruto do amor de Deus, justo juiz que conhece a intimidade do coração do homem.