Temas Bíblicos – nov2017
Carta aos Colossenses (2) Cl 1,1-14
Esta perícope apresenta quatro pontos da nossa doutrina de fé.
1o) A ordem hierárquica. Acima de todos está Deus. O Mediador é Jesus Cristo. Os fiéis são os membros da Igreja. Deus é, agora, chamado, por nós, de Pai, em virtude da obra redentora que o Filho realizou ao assumir a natureza humana. Jesus Cristo é o Filho que Deus Pai constituiu Cabeça da Igreja para levar todos à plenitude da sua estatura, segundo a graça distribuída a cada um.
Os fiéis são chamados à santificação, para se tornar sempre mais merecedores da graça recebida por Deus, que sobre eles efundiu o seu Espírito.
2o) A vida cristã. Ela tem seu início com a conversão, em virtude do anúncio do Evangelho, atuado de forma querigmática. Desenvolve-se pelo mesmo evangelho até chegar à plenitude da caridade que se identifica com a vida divina comunicada pelo Espírito (v. 8). Esta vida torna-se sempre mais perfeita, na medida em que a virtude da caridade, por sua vez, vai se desenvolvendo juntamente com a fé e a esperança. Sinal de perfeita caridade é a esperança que, “lançada como âncora segura nos céus” (Hb 6,19) nos leva a experimentar os frutos do Espírito Santo. Estaremos, então, vivendo “a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4,3), em virtude do chamado à herança reservada aos santos. Estaremos perfeitamente unidos a Cristo, pela fé perfeita, segundo a nossa vocação batismal. Tudo será alcançado mediante a nossa purificação, que nos levará a sermos semelhantes a Deus; o que nos permitirá vê-lo tal como ele é. Então, não seremos mais míopes, nem seremos surpreendidos pelo dia do Senhor como por um ladrão (1Tss 5,4).
3o) O Evangelho. É o instrumental imprescindível da comunidade. Ele já se tornou determinante para a conversão. Continua a ser fundamental para que os fiéis nutram a sua fé (1Tss 5,11; Rm 1,12). É a Palavra da Verdade (v.5) que multiplica os frutos que produz a partir da sua primeira escuta.
4o) O Apóstolo. Paulo considera-se, a pleno título, um entre os que Cristo, pessoalmente, enviou para evangelizar. A importância da sua função é explicada pela importância do Evangelho, “força de Deus para a salvação” (Rm 1,16). Ao especificar que exerce o seu ministério como “servo de Jesus Cristo”, isto é, como aquele que prega para servir aos fiéis, Paulo mostra como todos os que se associam à sua função de apóstolo devem ser considerados servos de Cristo, isto é, os que administram a Palavra de Deus em favor dos fiéis, movidos pela causa de Cristo. Eles são, porque evangelizadores, direta extensão dos Apóstolos.
Paulo, após ter descrito a vida cristã segundo os seus elementos básicos, parte para uma apresentação do seu dinamismo. A graça da filiação adotiva em Cristo, que se articula nas virtudes teologais, desenvolve-se através do cultivo dos dons do Espírito, até chegarmos à sabedoria que nos permite o pleno conhecimento da vontade de Deus na nossa vida. A essa altura, o poder de Deus opera em nós com a sua energia e nos torna capazes de realizar as boas obras para as quais Ele nos destinou. E, não só. O conhecimento que alcançamos de Deus nos leva a nos associar aos sofrimentos de Cristo, com toda paciência e longanimidade, na alegria do Espírito Santo. Esta doutrina amadureceu na vida de Paulo ao longo das tribulações que teve que sofrer por causa do Evangelho. A sua extensa explicação encontra-se em 2Cor 1-7.
Pe. Fernando Capra