Temas Bíblicos – 1Jo (1) Introdução (I)
Estamos diante de uma carta de São João. A pessoa que, desde o início, nos é apresentada é Jesus, considerado, antes de tudo, na sua condição divina: o Filho, Aquele que é desde o princípio, que se manifestou na condição de Cristo Senhor. Vemos, também, que o autor se apresenta na condição de Apóstolo, isto é, como aquele que Deus escolheu para ser testemunha e enviou para anunciar a Mensagem de Jesus, juntamente com os outros Apóstolos.
Característica desta carta é o ensinamento insistente acerca da necessidade da comunhão, na fé, com os Apóstolos, por parte dos fiéis. Essa comunhão é, juntamente com a purificação dos pecados e a observância dos mandamentos de Jesus, condição de vida eterna. Volta, até, a ser acentuada e confirmada pela 2Jo 9: a fidelidade à doutrina apostólica é condição para que o fruto da pregação da Boa Nova não seja perdido. Para isto torna-se necessário que os fiéis não andem além daquilo que receberam desde o início. Essa preocupação é explicada quando João trata do caso dos anticristos, na segunda parte do segundo capítulo.
Podemos dizer que é o caso dos anticristos que leva João a escrever essa carta. Devemos, todavia, acrescentar que a sua preocupação se estende a tudo o que diz respeito à vida de fé, que precisa ser cultivada para levar à perfeição aqueles que, pela Palavra, foram gerados à fé.
O fundamento da autoridade sobre o qual João se apóia, em ambos os casos, é a sua condição de testemunha. Disso tem plena consciência a ponto de dizer que a comunhão de fé com ele e com os outros Apóstolos, quanto aos fiéis, é condição de comunhão de vida com o Pai e o Filho. A experiência que ele teve de Jesus e a subsequente ação do Espírito que levou os Apóstolos a toda verdade o faz exclamar: “Nós somos de Deus” e a declarar: “Quem conheceu a Deus nos ouve, quem não é de Deus não nos ouve” (4,6). Dessa forma, acatar a sua autoridade de testemunha se torna mais uma condição de vida eterna, além daquelas que brotam da mensagem de Jesus que ele, juntamente com os outros Apóstolos, transmite.
O testemunho que está nele é o do Espírito que Jesus deu. Ele conduz ao Verdadeiro no qual acabam estando todos aqueles que estão em Jesus Cristo, Vida eterna.
Nessa carta, João cita, de forma específica, o testemunho que o Espírito suscitou nele diante de Jesus na cruz, transpassado pela lança do centurião. É o testemunho que lhe fez reconhecer em Jesus o Templo do qual jorra a Água da vida e que determinou o tema do seu Evangelho: Jesus, casa de Deus e porta do céu, o Filho do Homem que os anjos servem, a Glória de Iahweh que veio para julgar a Cidade terrena.
Independentemente dessa preocupação, como já afirmamos acima, o Apóstolo adverte que a comunhão dos fiéis com ele e os outros Apóstolos é condição de comunhão de vida com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo. Por isso, João inclui na sua exortação, para que os destinatários da sua carta levem à plenitude a sua alegria, tudo o que de doutrina e de obrigação moral deve ser aceito pelos fiéis. Dessa forma a sua carta se torna uma catequese apostólica sobre a vida cristã. Nela, os preceitos são apresentados, todos eles, fundamentados em grandiosas verdades que nos motivam de forma única quanto à sua implementação.
Perguntas para reflexão:
1ª) Qual é o motivo da Carta?
2ª) Qual é o fundamento da autoridade apostólica de João?
3ª) Por que devemos estar em comunhão de fé como os Apóstolos