Temas Bíblicos – Dez 2017
Carta aos colossenses (3) Cl 1,15-23
Estamos diante de um hino a Jesus Cristo, introduzido por uma solene proclamação do Plano de Deus em nosso favor: “Deus Pai nos livrou do poder das trevas, transferindo-nos para o reino do seu Filho amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados” (Cl. 1,13-14). O hino se divide em duas partes. Celebra o Filho em duas distintas condições: enquanto Deus, primeira parte; enquanto Cabeça da Igreja, segunda parte. Jesus, enquanto Deus é o Princípio de todas as coisas, porque ele é a Palavra pela qual tudo foi criado e que tudo sustenta com o seu poder. Os poderes celestiais que governam o universo estão a ele submissos, porque são suas criaturas: tronos, dominações, principados e potestades. Enquanto Cabeça da Igreja, com o seu poder divino, Jesus promove o crescimento do seu Corpo, que é a igreja, levando à plenitude cada um dos seus membros, segundo a graça que a cada um deles concedeu. Nele está o modelo no qual cada membro da Igreja deve se espelhar, para alcançar a perfeição, em virtude da graça que ele mereceu com a sua imolação de Cruz. Enquanto o seu sacrifício o glorifica na humanidade assumida, tornando-o de “alma vivente, Espírito vivificante” (1Cor 15,45), Jesus Cristo é o Princípio, o Primogênito dos mortos. Trata-se de uma verdade profundamente consoladora para nós, porque, enquanto o nosso Mestre e Guia se apresenta nos esplendores da ressurreição, nos indica a glória à qual somos chamados, na condição daqueles que Deus Pai quis tornar seus filhos adotivos, pelo Filho, que restabeleceu a paz pela purificação dos pecados no seu Sangue.
Reconciliados, portanto, pela Morte que ele sofreu “no seu corpo de carne” (v.22), somos chamados a corresponder à sua ação santificadora, que quer levar à plenitude a obra iniciada. Os termos dessa nossa cooperação estão elencados por Pedro na sua segunda carta. Para chegar ver a Deus, como lembra 1Jo 3, devemos nos purificar. Para que, em nós, cresça a vida de filhos, devemos nos esforçar em “juntar à fé a virtude, à virtude o conhecimento, ao conhecimento a mortificação, à mortificação a piedade, à piedade o amor fraterno, ao amor fraterno a caridade” (2Pd 1,5-10). Quem não faz isso, esquecido do seu trabalho de se purificar, se torna um cego, um míope. Quem pratica essas coisas produz frutos, crescendo sempre mais no “no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo”. Com a sua vocação e eleição consolidadas, o fiel não tropeçará jamais. Antes, sentirá em si a certeza “de entrar no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo”.
Em Cristo “habita corporalmente a plenitude da divindade” (Cl 2,9), como o prova o seu poder criador, na condição de Palavra pela qual tudo subsiste, e a redenção que ele realizou, na condição de Primogênito dos mortos. Paulo ilustra esta condição de primazia de Jesus todas as vezes que declara ser ele “nosso Senhor Jesus Cristo”, porque ele é o Filho que “segundo o Espírito de santidade, foi manifestado Filho de Deus com poder, pela ressurreição dos mortos” (Rm 1,4).
Pe. Fernando Capra