Temas bíblicos – 1Jo (5) 1,5-2,11 Dinamismo da vida cristã
1,5- 2,2 A purificação dos pecados
Os Apóstolos, conscientes de serem de Deus e de falarem segundo o Espírito do Verdadeiro, nos transmitem, como princípio geral recebido de Jesus Cristo, que “Deus é Luz”. Consequentemente, para estarmos em comunhão de vida com ele, devemos “praticar a verdade”. O sinal da nossa plena comunhão de vida com Deus será a nossa plena comunhão de amor com os irmãos. É por esse dúplice processo da verdade e da caridade, que estaremos vivendo a nossa santificação.
Não podemos pensar que já não temos pecados porque há todo um processo de justificação que deve ser realizado. Nisso, nos conforta “Jesus Cristo, o justo, vítima de expiação pelos nossos pecados”.
Nesse trecho inicial, João apresenta os pontos que irá desenvolver para que “andemos segundo a Verdade” e, dessa forma, sermos filhos da luz.
1º) Os que não praticam a purificação dos pecados, pelo fato de não viverem segundo os ensinamentos de Cristo, não estão no Verdadeiro. Temos que entender que deve haver uma radicalização. João o afirmará como conclusão de toda a argumentação da sua carta: “Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca…” (5,18-19).
2º) Jesus Cristo nos deu um novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Quando esse mandamento é plenamente vivido, então a vida de Deus estará plenamente em nós, porque “Deus é amor e quem vive no amor vive em Deus e Deus nele” (4,16).
Para melhor entender o que é purificação dos pecados é oportuno ler o que Pedro diz, na sua segunda carta, a esse respeito. O conhecimento que alcançamos em virtude do chamado de Deus nos colocou em condições de consolidar a nossa vocação e eleição. Nós nos tornamos “participantes da natureza divina”. Temos que nos aplicar em juntar à fé a virtude, à virtude o autodomínio, ao autodomínio a perseverança, à perseverança a piedade, à piedade o amor fraterno” até chegarmos à perfeita caridade. Do contrário, seremos inúteis e infrutíferos. É quando consolidamos a nossa vocação que jamais tropeçaremos e nos tornaremos merecedores do Reino eterno (2Pd 1,3-10).
João complementa o ensinamento de Pedro com o quadro grandioso da Morte do Senhor. Nele contempla Jesus Cristo “vítima de expiação dos nossos pecados” (2,2). Com o seu sangue nos purifica de todo pecado.
2,3-11 O verdadeiro amor ao irmão
“Quem tem meus mandamentos e os observa é que me ama”. É o que lemos em Jo 14,21. A observância dos mandamentos de Cristo é condição de comunhão com Deus.
Engana-se de estar em Deus, isto é, de conhecê-lo, porque esse é o significado do verbo “conhecer” em linguagem bíblica, aquele que não guarda os mandamentos. A vida do Verdadeiro está naquele que guarda a sua palavra.
Cristo Jesus deve ser o modelo (Jo 15,10). Dessa forma, atua-se em nós o amor de Deus, que é o resumo de toda a lei.
A partir de Jesus Cristo que nos amou dando a sua vida, enquanto nós também somos chamados a “dar nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3,16), isto se tornou “o novo mandamento”.
Aquele que se nega a dar a vida pelos irmãos, “está nas trevas até agora”.
Está na luz aquele que ama o seu irmão.
Aquele que se nega a amar o seu irmão é “um cego e um míope”, porque nele não está a virtude da caridade.
Quando lemos em 1Jo que o amor ao irmão se resume na observância dos mandamentos, entendemos que a caridade é fruto da prática de tudo o que é dom do Espírito. Aliás, Pedro, quando fala da purificação dos pecados, estabelece como último termo da sua realização a caridade (2Pd 1,7). Poderíamos dizer que a purificação dos pecados é prática da caridade no seu aspecto incipiente, enquanto o amor aos irmãos vivido à semelhança de Jesus é a sua manifestação perfeita.
Perguntas para reflexão:
1ª) Por que devemos viver a purificação dos pecados?
2ª) Quais são as etapas da purificação dos pecados?
3ª) O que significa que “devemos dar nossa vida pelos irmãos”?