Temas Bíblicos – 1Jo (11) Vida cristã (I): Caridade (4,7-5,4a)
A vida cristã é vida de Deus porque é vida de amor análoga àquela que levou Deus a entregar o seu Filho unigênito ao mundo como “vítima de expiação pelos nossos pecados” (4,10). É assim que contemplamos Deus: “se nos amarmos uns aos outros”. Isto ocorre quando repelimos as formas de pecado que o Filho de Deus destruiu (3,8), enquanto observamos os seus mandamentos. Então, “Deus permanece em nós e o seu Amor em nós é perfeito” (4,12). A visão de Deus, da qual os Apóstolos são testemunhas, é fruto do Espírito que a eles doou a compreensão profética de que Jesus é o Filho enviado, o Salvador do mundo (v.14). Quem está em comunhão de fé com os Apóstolos e, pela purificação dos pecados e a observância dos mandamentos vive a perfeição da caridade, faz a experiência de Deus, que é Amor: “Aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele” (v.16). A perfeição do amor expele o temor no dia do Julgamento. O amor ao irmão é a condição de vida de amor de Deus em nós: “Aquele que ama a Deus ame também seu irmão” (v.21).
Análise
4, 7-10 A caridade de Deus se revela no amor com que ele envia o Filho que se torna Vítima de expiação pelos nossos pecados.
4,11-12 Permanecemos em Deus e o seu amor é plenamente realizado em nós, se amamos o irmão.
4,13-16 Os Apóstolos têm experiência dessa doutrina em virtude do Espírito que os colocou em plena comunhão de vida com Deus pelo testemunho de fé que suscitou neles, que creem que Jesus é o Filho enviado pelo Pai para ser o Salvador do mundo. Pela experiência plena de vida cristã, reconheceram o amor de Deus e chegaram a crer que Deus é amor e que aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus nele. 1Jo 4,13-16 é uma complementação do Prólogo. Ambos, unidos, nos permitem ver: 1º) a ênfase com que o autor anuncia a “Palavra da vida que se manifestou”; 2º) a convicção da sua condição profética que lhe permite exigir dos fiéis o obséquio da fidelidade à doutrina por ele anunciada. Isso tudo aponta para o intuito pastoral da Carta: precaver os fiéis dos falsos doutores que desencaminham. A Carta, contudo, não se limita a esse tema. Aborda, também, o da purificação dos pecados e o da caridade. Dessa forma, vemos que João não limita o seu pastoreio a um defensivismo. Considera adequado o exercício da vida cristã em todos os seus aspectos. Nisto notamos uma semelhança com o autor do Apocalipse.
4,17-18 Teste da perfeita caridade será o julgamento que enfrentaremos sem temor, porque não há temor no amor.
Comentário. Vida cristã é “andar na luz”, isto é, “purificar-se de toda injustiça”, “guardar os mandamentos de Cristo”, porque somos estirpe de Deus, chamados a ver Deus e porque o pecado voltaria a nos escravizar ao espírito do mal, o que nos tornaria novamente iníquos. Apresentada a vida cristã e a sua importância, João, agora ilustra a sua excelência. É vida de Deus em nós. Quem ama o irmão ama como Deus desde sempre ama. Quando o cristão entra em plena comunhão de vida com Deus, pelo Espírito, está em condição de contemplar a vida de Caridade que está em Deus. Em termos técnicos, dizemos: “conhece a Deus” “nele está o amor de Deus”. Nele está, também, a plena confiança para o dia do julgamento. Em 5,1-4, João resume a natureza da vida de amor que está no cristão: “É semente de Deus que está em comunhão de vida com “O que gerou” e com “O Gerado por Deus” (5,18). Ama os irmãos porque observa os mandamentos. É estirpe de Deus mais forte que o mundo.
Pe. Fernando Capra
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