Temas Bíblicas – jun2018
Marcos (3) Mc 1,1-3,6 – Ulteriores especificações
Estamos diante de um bloco capaz de nos apresentar Jesus de forma global, a ponto de estarmos de posse das características fundamentais que serão posteriormente desenvolvidas com mais detalhes, pelo evangelista. O Jesus que nos é apresentado nas suas condições messiânico-divinas, a partir do momento em que realiza o seu primeiro exorcismo na sinagoga de Cafarnaum, é a pessoa divina que foi anunciada por João Batista. Ele é o Deus forte, digno da nossa adoração, que vem nos visitar e nos santifica na força do seu Espírito. A forma mais solene que Marcos encontra para anunciar tão grande manifestação é aquela de juntar a profecia de Ml 3 com a profecia de Is 40. João é a voz do precursor. Jesus é o Senhor Deus que vem, Princípio da Boa Nova que os Apóstolos apresentaram na sua catequese aos fiéis das igrejas que fundaram.
Quando lemos este bloco de Marcos ao longo do Ano litúrgico, temos a oportunidade de aprofundar a sua compreensão através de perícope de Jo 1. O prólogo, Jo 1,1-18, nos cita os mais altos títulos divinos de Jesus. Ele é a ‘Palavra da Vida’ que, ao colocar a sua tenda entre nós (v.14), se tornou a ‘grande Luz’ que resplandeceu aos que jaziam nas trevas e na sombra da morte. Ela nos trouxe “a graça e a verdade” na condição de “Unigênito Deus”. Jesus é, portanto, a Luz do Dia do Senhor. Segundo esta sua condição, Jesus dá início à sua atividade messiânica anunciando: “Completou-se o tempo, o Reino de Deus está perto, convertei-vos e crede no evangelho” (Mc 1,14). Eis a importância da visita de Deus que acontece com a pessoa divina de Jesus. Chegou o tempo da intervenção misericordiosa do Criador em favor do homem, em vista da sua divinização que se atua através de um processo de reconciliação acompanhado pela santificação que o Espírito realiza, enquanto configura cada fiel da Igreja a Cristo, sacerdote, profeta e rei.
Quando Jesus convida Pedro, André, Tiago e João a segui-lo, mostra que a sua obra terá continuação em virtude da cooperação de homens que dele receberão o poder de expulsar demônios e curar enfermos, agindo sob a proteção de Deus (16,17-18).
A ação da Igreja, todavia, se dará num contexto de contradição. Está a indicá-lo o contexto no qual seja Jesus, como o seu precursor atuaram. Existe um mundo perverso que, até estimulado pelas injustiças que pratica, sempre tenta neutralizar o plano de Deus. Para isso, basta pensar na sorte que Herodes Antipas reservou para João Batista e na sorte que fariseus e sumos sacerdotes reservaram para Jesus, entregando-o a Pilatos. Vemos amplamente comentado este contexto pela dramatização que o Apocalipse apresenta quando fala do Dragão que, vencido por Miguel é lançado do céu na terra. Diante da ação das duas Bestas, símbolos do poder terreno e do poder religioso corrompido, os fiéis da Igreja são chamados a dar seu testemunho heroico, perseverando nas tribulações, por causa da sua fé.
Pe. Fernando Capra