Santuário da Adoção – Nov2018
Filhos do coração: Histórias emocionantes de quem adotou
DE TODAS AS HISTÓRIAS A NOSSA É A MINHA PREFERIDA.
(Rita Kochulinski, 38 anos, professora, solteira)
Sempre sonhei em ser mãe. Não pensava em gerar, porque minha mãe teve problemas no meu parto e quase morreu. Pensei em adoção pela primeira vez em 2006 e passei anos lendo, refletindo e amadurecendo a ideia. Em 2013 resolvi dar entrada e peguei os papéis na Vara. No mesmo mês o Papa veio no RJ para a JMJ e eu fui vê-lo e levei os papéis para ele abençoar. O Papa nem me viu, mas eu o vi e com fé sabia que daria certo. Logo depois fui promovida no trabalho e precisei protelar um pouco o início. Foi então que em 2014 eu dei entrada na habilitação. Meu perfil era de até duas crianças, saudáveis de 2 a 5 anos, sendo pelo menos uma menina.
Em maio de 2015, já estava na fase das reuniões, e me convidaram para ir à visitação de um abrigo, pois lá havia uma menina que era a minha cara, mas que já tinha 10 anos. Cheguei a me assustar um pouco pois a idade era exatamente o dobro da idade idealizada. Mas fiquei muito curiosa para conhecer a criança que parecia comigo.
Então, no dia 31 de Maio, um sábado de sol, fui ao abrigo junto com a equipe do grupo de apoio e outros pretendentes conhecer a menina. Ah! Mas tinha um detalhe, a menina tinha uma doença grave de pele, tratável, mas sem cura. Senti medo, pensei no “pior”, mas até o pior teria cura… enfim. Lá no abrigo, entre muitas crianças, tinha uma que poderia ser a minha filha. A pessoa que me convidou disse: “aquela é a menina”. Ela estava de costas pulando amarelinha e eu dei uma rápida olhada na pele e não vi nada. De repente ela virou de frente. Que susto! Era eu, mais nova! Coração acelerou. Acabava de (re)conhecer a minha filha. Conversamos rapidamente, coisas supérfluas e na hora de tirar uma foto dos visitantes, ela queria brincar com um celular e não tinham emprestado para ela, foi então que vi sua primeira pirraça. Pensei: é pirracenta, mas eu quero ser mãe dela! Já não importava qual era a doença, eu já estava envolvida. Terminou a visita, manifestei meu interesse e fiquei dias esperando uma resposta e rezando. Até que uns dias depois avisaram: ela não estava mais disponível para adoção, pois havia um casal na minha frente. Chorei muito! Fiquei meses chorando e perguntando por ela. Um dia, ao chegar do trabalho, entrei no quarto que seria seu e chorei horas. Naquele momento pensei em desistir. Não queria outra criança, conheci crianças lindas, mas queria ela. Reclamei com Deus e tudo… Não entendia o motivo. De repente meu celular tocou. Engoli o choro e li o nome da pessoa que me havia convidado para aquela visita. Atendi soluçando e falei que estava muito mal. Foi quando ouvi: você sabe quem está disponível para adoção? Falei: não. Ela respondeu: sua filha, o casal desistiu. Jesus!!!!! Ela era minha (já estou chorando de novo). Começou uma saga até que eu conseguisse a permissão para adotá-la por conta da questão da saúde. Por fim, em 19/10/2015 ela chegou para mim. Foi o dia em que eu nasci para a vida. Recebi o verdadeiro e infinito amor em minha casa. Chegou com 10 anos, com falta de cabelo de um lado, uma mala de remédios, tomava uma vacina por semana, tinha suspeita de glaucoma, usava óculos, tomava um remédio fortíssimo por dia e toda terça outro. Usava colírios e loção e pomada para a cabeça, além de protetor solar fator 70+ até 100, 24 horas por dia de duas em duas horas e mais roupas especiais contra os raios UV. Não podia ficar nervosa, tinha alimentação regrada e incontinência urinária. Ufa! Mas junto com ela chegou minha garra de mãe, a vontade dela de viver e meu amor infinito. Começamos uma luta!
No primeiro mês, acabou o xixi na cama, fomos na primeira consulta com a médica que já a acompanhava e ela retirou as vacinas. No segundo mês retirou outro remédio e o colírio e reduziu o remédio diário. Antes do terceiro mês ela começou a lacrimejar muito e voltamos na médica. Ela retirou o remédio diário e marcou oftalmo depois de 15 dias. Minha filha não tinha problema algum de vista, era tudo efeito colateral do medicamento. No quarto mês ela já tinha cabelo e não tomava mais remédio nenhum. Seis meses depois a médica reduziu o uso do protetor para 3x ao dia e não precisava passar para dormir. Hoje, três anos depois, minha filha usa protetor 50 na rua e 30 em casa, sem exagero, frequenta o clube que somos sócias, com a devida proteção e faz natação no Colégio, sendo a melhor aluna de natação. Na última consulta, a médica disse que minha filha está curada. Que a doença era emocional, devido aos maus-tratos sofridos e hoje ela não tem mais nada. Minha filha tem 12 anos, é maravilhosa, excelente aluna no colégio (quando chegou só contava até 10) e é o meu sonho realizado. Ela é o amor da minha vida e é sim, A MINHA CARA!!!!! Adotei a Luísa em 2015 com 10 anos.
Depois em 2017, adotei Maria Luíza, com 11 anos. As duas viviam como irmãs no mesmo abrigo, e assim que consegui depois de muito tentar, a juíza me disponibilizou a Malu. Foram meses de idas e vindas porque ela estudava em uma escola perto do abrigo, então eu só pegava nos finais de semana e feriados, o que era sofrido. Até que no dia 22 /12/2017 ela veio para passar as festas de final de ano e férias e nunca mais saiu. É minha de vez!
Malu chegou com 11 anos, 19 kg, com anemia profunda e desnutrição crônica. Estamos tratando ainda, muito! Ela tem dois irmãos mais novos que foram adotados por uma linda família que mora perto de nós e convivem sempre.