Os Mistérios da Vida Pública de Jesus – A agonia no Getsemani
Ao orar ao Pai “afasta de mim este cálice” (Mt 26,39) Jesus demonstra o horror que a morte representa para a sua natureza humana, que está destinada à vida. Mas Ele é obediente até a morte e então complementa “não a minha vontade, mas a Sua. Não se faça como eu quero, mas como Tu queres”. Com isto aceita em sua vontade que a vontade do Pai seja feita, aceitando sua morte como redentora, carregando em seu próprio corpo os nossos pecados (1 Pd 2,24).
A morte de Cristo é o sacrifício único e definitivo
A morte de Cristo é ao mesmo tempo o sacrifício pascal e o sacrifício da Nova Aliança que reconduz o homem à comunhão com Deus.
Este sacrifício de Cristo é único. Ele realiza e supera todos os sacrifícios. Nos sacrifícios oferecidos no Antigo Testamento eram oferecidos os melhores animais, sem defeito, sem mancha, mas eram criaturas, animais que não sabiam o que estavam acontecendo com eles. Quando Jesus se oferece em sacrifício, temos uma oferta muito diferente: é o próprio Filho de Deus que livremente dá sua vida por amor a seu Pai pelo Espírito Santo para reparar nossa desobediência, nossos pecados. É o próprio Deus que se oferece para nos salvar, por isso este resgate é único, perfeito e definitivo e nos abre à comunhão com Deus.
Jesus substitui nossa desobediência por sua obediência
Em Rm 5,19 lemos: “Com efeito, como, pela desobediência de um só homem, a humanidade toda tornou-se pecadora, assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos”.
Na Cruz, Jesus consuma seu sacrifício
Só o mais santo dos santos tinha condição de tomar sobre sí os pecados de todos os homens e de oferecer-se em sacrifício por todos. O que torna possível o sacrifício redentor de Cristo por todos é a existência em Cristo da Pessoa Divina do Filho, ou em outras palavras, Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Ele é Cabeça de toda a humanidade.
São sábias as palavras do Concilio de Trento: “Por sua santíssima Paixão no madeiro da cruz mereceu-nos a justificação”, sublinhando o caráter único do sacrifício de Cristo como “principio de salvação eterna” (Hb 5,9). “Salve, ó Cruz, única esperança” é cantada na veneração a Cruz pela Igreja.
Nossa participação no sacrifício de Cristo
Chamando os seus discípulos a “tomar sua cruz e seguí-lo” (Mt 16,24). Jesus quer associar a seu sacrifício redentor aqueles que são seus primeiros beneficiários.
Isto realiza-se de maneira suprema em sua Mãe, associada mais intimamente do que qualquer outro ao mistério de seu sofrimento redentor. “ uma espada traspassará tua alma – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2,35). As palavras dirigidas à Santíssima Virgem anunciam que Maria teria de estar intimamente unida à obra redentora do seu Filho. A espada de que fala Simeão expressa a participação de Maria nos sofrimentos do Filho; é uma dor inenarrável, que traspassa a alma. O Senhor sofreu na Cruz pelos nossos pecados; também são os pecados de cada um de nós que forjaram a espada de dor da nossa Mãe. Por conseguinte, temos um dever de desagravo não só com Deus, mas também com a Sua Mãe, que é igualmente nossa Mãe.
“Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao Céu” – Santa Rosa de Lima.