Oração Cristão – Abril 2019
O Caminho da Oração
Na Igreja existem diferentes caminhos de oração, ligados aos diferentes contextos históricos, sociais e culturais, a linguagem de sua oração: palavras, melodia, gestos, iconografia. Cabe ao Magistério discernir a fidelidade deles à tradição da fé apostólica, e cabe aos pastores e aos catequistas explicar seu sentido, sempre relacionado com Jesus Cristo.
A Oração do Pai
Não existe outro caminho da oração cristã senão Cristo. Seja a nossa oração comunitária ou pessoal, vocal ou interior, ela só tem acesso ao Pai se orarmos “em nome” de Jesus. A santa humanidade de Jesus é, portanto, o caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a rezar a Deus, nosso Pai. A oração que fazemos em nome de Jesus vai diretamente para onde ia também a oração de Jesus: para o coração do Pai do Céu. Disso estamos seguros porque confiamos em Jesus, pois Ele reabriu-nos o caminho para o Céu, que tinha sido encerrado pelo pecado.
A Vida de Oração
A oração é a vida do coração novo e deve nos animar a cada momento. Os Padres Espirituais, na tradição do Deuteronômio e dos profetas, insistem na oração como “recordação de Deus”, como um despertar frequente da “memória do coração”. Dizia São Gregório Nazianzeno: “É preciso lembrar-se de Deus com mais frequência do que se respira”.
Quem não ora regularmente deixará de orar em pouco tempo. Quem ama uma pessoa e não lhe dá, durante o dia todo, um único sinal do seu amor não a ama a sério. O mesmo acontece com Deus. Quem realmente O busca dá-Lhe sinais constantes do seu desejo de proximidade e amizade. De manhã levanta-se e oferece o seu dia a Deus, pede a sua benção e solicita a sua presença para todos os encontros e necessidades do dia. Dá-Lhe graças, sobretudo por ocasião das refeições. E, no fim do dia, coloca-Lhe tudo nas mãos, pede-lhe perdão e paz para si e para os outros.
Assim vemos que todos os momentos são indicados para a oração, mas a Igreja propõe aos fiéis ritmos destinados a alimentar a oração contínua: além da oração da manhã e da noite e das refeições, a Liturgia das Horas, o santo Rosário. O domingo, centrado na Eucaristia, é santificado principalmente pela oração. O ciclo do ano Litúrgico e suas grandes festas são os ritmos fundamentais da vida de oração dos cristãos.
Segundo o seu coração, cada fiel responde ao Senhor com suas expressões pessoais de sua oração. Entretanto, a tradição cristã conservou três modos para exprimir e viver a oração: a oração vocal, a meditação e a oração contemplativa (mental). A característica fundamental desses três modos é o recolhimento do coração, ou seja, a concentração do coração.
As Expressões da Oração
A Oração Vocal
Deus fala ao homem por sua Palavra. É por palavras, mentais ou vocais, que nossa oração cresce. São João Crisóstomo diz: “Que a nossa oração seja ouvida depende não da quantidade de palavras, mas do fervor de nossas almas”. A oração vocal é um dado indispensável da vida cristã. Atendendo a um pedido dos discípulos, Jesus lhes ensinou o “Pai Nosso” – uma fórmula perfeita de oração vocal.
Como somos corpo e espírito, sentimos a necessidade de traduzir exteriormente nossos sentimentos. Daí a necessidade de associar os sentidos à oração interior, respondendo desse modo a uma exigência de nossa natureza humana. Até a mais interior das orações não poderia ficar sem a oração vocal.
Na oração, não devemos ter simplesmente pensamentos piedosos, uma vez que orar é, antes de tudo, elevar o coração a Deus. Devemos também “exprimir” o que vai ao nosso coração, apresentando-o a Deus como lamentação, pedido, louvor ou agradecimento. Em todos os casos ela deve brotar de uma fé pessoal.
Sendo exterior e tão plenamente humana, a oração vocal é por excelência a oração das multidões. A oração se torna interior na medida em que tomamos consciência daquele “com quem falamos”. Então a oração vocal é a primeira forma da oração contemplativa.
Nas próximas edições falaremos sobre a meditação e a oração contemplativa (mental), não perca.
Jane do Tércio