O Espírito Santo e a Igreja
Nós, Cristãos, celebramos no dia de Pentecostes – a vinda do Espírito Santo. O Evangelho de São Lucas nos dá ideia do que pode ter sido um dos momentos mais emocionantes vividos pelos nossos irmãos que nos precederam na fé. Era, pois, um encontro que estava marcado desde o início dos tempos. Gosto de pensar assim,/ fico imaginando como tudo aconteceu. Da mesma forma que uma multidão de anjos entoou cânticos de glória no momento da encarnação de Jesus, sonho com esses mesmos anjos rodeando, voando invisíveis em todas as direções, preenchendo todo o cenáculo, com uma mistura de cheiros e cores jamais vista antes. O fogo santo que descia em línguas sobre os que ali estavam era a luz que vinha iluminar o caminho daqueles que naquele dia fundariam a Igreja de Deus.
Nossos irmãos não estavam sentados discutindo como seria essa Igreja, não estavam colocando em votação o tema da pregação que deveriam fazer dali para frente. Aliás, muito pelo contrário, tudo era contraditório entre eles. Havia os que queriam retomar suas vidas, seus afazeres, voltar para casa. Havia os que estavam muito assustados, com medo de ter o mesmo final trágico do Mestre e havia também aqueles que estavam esperando, sem saber ao certo o que, sem saber como se cumpriria a promessa do Pai, que Jesus anunciara. Estavam ali, cada um com o seu pensamento, numa mistura de sentimentos de fraqueza e confiança. E foi então que o Espírito veio sobre eles. Seja como um vento forte ou um sopro suave ou uma chama ardente, Ele veio e eles finalmente estavam cheios, repletos daquela luz. Ungidos por Deus na terceira pessoa da Trindade para permanecerem na fé e seguirem o caminho que já estava traçado e que era sem volta: O caminho dos que iam anunciar a Boa Nova ao mundo. “Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser pela ação do Espírito Santo” (1Cor 12, 3).
Sem dúvida o Espírito Santo é a luz da Igreja. Ela nasceu e vive sob a Sua ação, fundamentada no Cristo ressuscitado, mas que antes foi o Cristo servidor. Por isso ela está no mundo para ser luz, para amar e caminhar de mãos dadas com aqueles que sofrem, com os excluídos e marginalizados pela sociedade, com os pobres.
No entanto, desde a criação do mundo e da revelação de Deus aos homens, passando pelo Cristo até a Igreja atual, que caminha como povo de Deus, muita coisa aconteceu e nem sempre no decorrer dos séculos fomos totalmente fieis e abertos à ação do Espírito, que sopra onde quer e que respeita a liberdade de todos, deixando-nos escrever, cada um, a sua própria história. Por isso, não há como falar de uma longa caminhada sem tocar nos erros e acertos que se teve no trajeto. Sim, erramos muitas vezes e acertamos outras tantas.
São João Paulo II, quando Papa, pediu perdão ao mundo pelos erros cometidos pela Igreja, através dos tempos. Mesmo assim, muitas pessoas quando falam da história da Igreja dão maior ênfase às fases sombrias que atravessamos. Isso é natural, é próprio do ser humano. Cabe-nos rezar por elas e por todos nós. Cabe-nos seguir os passos de Pedro e dos que estavam no cenáculo naquele dia fabuloso e de Paulo que viveu o seu próprio pentecostes ao se encontrar com o Cristo às portas de Damasco. Sigamos como corpo de Cristo, a serviço do próximo, amparando os aflitos, dando abrigo e ternura aos sem esperança, sendo a voz dos fracos, a luz dos esquecidos.
A Igreja nos convida a ser Igreja todo dia. O 11º PPC da nossa Arquidiocese, que dá as diretrizes da ação da nossa Igreja, passou por nossas mãos para ser criado e está em nossas mãos para ser executado. Temos que ter coragem de colocá-lo em prática. Sair em missão, como Paulo; firmes na fé que professamos, como Pedro.
Eu tenho certeza que este é o lugar onde eu quero estar. Aqui, no Loreto, aos pés do meu Senhor, porque não posso mais viver sem a sua proteção. Espero que esse seja também o sentimento de cada um de vocês.
Como comunidade de fé, como Igreja, sigamos sempre em frente, com a certeza de que mais conta o caminho que desejamos ainda trilhar. ”E por mil estradas onde andarmos nós, qual semente nos levará?”
Ana Clébia – Pascom