Loretando – Turma da Berê
Como já mencionei varias vezes , fiz parte do grupo A Comunijovem, que era o maior grupo de jovens do Loreto, mesmo sendo o único. Tínhamos reuniões aos sábados a noite e a missa no domingo 18h. Era comum ao final das reuniões e das missas ficarmos de bobeira pela paróquia tocando violão e batendo papo até que o irmão Mario viesse nos colocar pra fora e fechar os portões, dali íamos dispersando aos poucos e cada um ia para suas casas. Passado um tempo, o grupo cresceu e surgiu a vontade de ficarmos mais tempo juntos, alguns já namoravam, outros tinham ensaios musicais ou teatrais e a maioria queria mesmo era continuar com o papo. Foi aí que surgiu a D. Berenice, esposa do Hamilton, mãe da Marise e Alexandre – mais conhecida como Berê. Nossos caminhos se uniam numa única direção; a casa da Berê e daí surgiu a Turma da Berê, um grupo extremamente familiar que passou a realizar todas as atividade na casa dela. O grupo jovem que agora já não era tão jovem encontrara seu porto seguro, local de paz e hamonia e nossos pais sabiam que ali tudo acontecia dentro da ordem, então ficavam tranquilos.
Muitos noivados, despedidas de solteiro, casamentos, batizados, e etc, foram realizados sob as bênçãos dessa família. Berê não deixava escapar um só momento para evangelizar, em todos os eventos havia a sua oração e nada acontecia se não começasse com um “Pai Nosso”e sua devoção a Nossa Senhora também era motivo de reflexão. Estar na casa da Berê era desfrutar de momentos maravilhosos. Essa família recebeu a todos por longos anos, desde 1973, meus filhos, sobrinhos, cunhados, irmãos, primos por vocação e tantos outros amigos eram sempre bem vindos.
O tempo, que é implacável, já não nos permite estar tanto tempo juntos, mas as melhores lembranças continuam ligadas aquela casa, aquela família. Hoje a Berê, com idade avançada, já não suportaria tanta gente entrando e saindo, mas seu jeito de nos educar e educar nossos filhos ficou marcado em cada jovem que ali conviveu. A Berê e sua casa foram peças importantíssimas na construção de lares católicos, famílias sadias que até hoje guardam lembranças inesquecíveis.
Esse artigo não é uma homenagem exclusiva para a Berê, mas para todas aquelas famílias que receberam e recebem jovens em suas casas como se fosse seus filhos, uma forma doce e segura de mantê-los juntos e “vigiados”. Aqui na paróquia inúmeros são os tios que abriram as portas de suas casas para receber os amigos de seus filhos, uma forma abrangente de acolhimento. É a igreja saindo dos seus corredores e indo para as casas. As amizades criadas ali são fecundas e duradouras, hoje uns viraram padrinhos de casamento e dos filhos que vieram, são primos postiços, tios de coração, irmãos por amor. Essas casas são uma JMJ constante, nelas esses jovens se sentem a vontade e formam seu caráter na religião com fortes ligações familiares, independente de laços de sangue, pois são muito mais que isso, são unidos por amor, são unidos em nome do Cristo Familia.
De uma forma ou de outra nossos destinos foram traçados no ventre dessas residências, sob o aconchego de tios postiços ao sabor de um carinho imensurável e que criaram raízes profundas. Essa é com certeza, a sagrada família de Cristo. Obrigado a cada “Berê” que recebeu e recebe nossos jovens.
P.S. Somos todos peregrinos nessa vida.
P.S. do P.S. Obrigado também a tia Malvina, mãe de Barbara e Lenora que me recebeu em sua casa como se fosse um filho por muito tempo.