Loretando – Junho 2019
Desesperança
Desesperança: Ausência ou falta de esperança; descrença ou desilusão. Circunstância de quem está ou se encontra em desespero (sem esperança).
Só quem vive isso sabe o peso dessa palavra, só quem está como um marisco sabe a força das ondas contra o rochedo. Como brasileiro nato, raiz, daqueles que abraçou com as duas mãos as diversas crises desse Brasil de meu Deus, sabe que o momento que estamos passando é único negativamente. Vivemos uma história de mocinho e bandido onde ninguém pode saber para que lado você torce, pois se souberem vão te atacar com unhas e dentes. Sua opinião tornou-se alavanca para brigas;tudo virou motivo para brigas. Todo mundo entende de tudo para defender suas preferências, todos discutem e contestam todos os assuntos, vi gente afirmando que o holocausto nunca existiu, que a ditadura é uma falácia e até que Deus merece desconfianças principalmente quanto a seu (sic) filho supostamente chamado de Jesus. Procurei ver a arvore genealógica da pessoa que disse isso, pois poderia ser mais uma nova aberração de conhecimentos históricos, mas não, era apenas um daqueles que repete o que ouviu em algum lugar e não sabe aonde.
Vivemos hoje num país onde a desesperança está exposta nos olhos de cada cidadão, ou pelo menos daqueles que se julgam apenas um cidadão, não mais que isso, enquanto assistem os entendidos se digladiarem sobre o certo e o errado de cada um, o povo passa fome, sem emprego, sem uma luz no fim do túnel, na verdade não estamos nem vendo o túnel. O sociólogo Betinho estava certíssimo: quem tem fome tem pressa. Não podemos nos dar ao luxo de ficar discutindo sobre governos anteriores, bons ou maus, porque isso não enche barriga, precisamos de atitudes positivas para dar alento aos que passam necessidades, precisamos apontar para um porto seguro para ver se dá para agüentar a fome até lá.
É difícil ouvir de quem tem quatro refeições diárias, discurso de que “em dez anos tudo vai melhorar se a previdência for alterada.” Não temos como esperar até lá. As Ações Sociais das igrejas trabalham como nunca para saciar a fome e as necessidades dos seus assistidos, mas até isso está difícil, pois quem ajudava e contribuía também está passando por dificuldades.
O Papa Francisco vem alertando em suas homilias o quanto é importante nesse momento deixarmos a ganância de lado para enxergarmos os mais necessitados. Sem essa visão mais amorosa e menos política não chegaremos a lugar nenhum. Sabemos o quanto a maioria de nossos políticos são corruptos, até aqueles que se dizem imunes a isso, quando são investigados, dizem que é culpa da mídia por ter descoberto suas falcatruas, mas isso para quem está no osso, pouco importa se vão prende-los ou não, até porque, prisão para eles dura dois dias e vira prisão domiciliar numa mansão dos deuses regada a todas as mordomias possíveis. Não podemos mais discutir políticas assistencialistas na mesa de uma churrascaria ou restaurante grã-fino e ainda questionar por que pobre tem tanta fome. O assunto é puxado, é difícil e delicado, mas deveríamos “policar” menos e agir mais. Quem tem fome tem pressa. Não nos interessa saber quem roubou mais ou menos, queremos empregos e comida na mesa para agora, ou melhor para ontem.
P.S. Para aqueles que diziam que política e religião não se misturam; tai o resultado.
P.S. do P.S. Agora, por favor, não vamos dizer: Deus quis assim…
Paulo Sobrinho e Solange