Loretando – jul 2017
RIO SEM FOME E SEM FRIO
Na boa, tava vendo o seriado “Os dias eram assim…” que estava mostrando a campanha das “Diretas já!”, chorei tanto… por que sabemos como foi o resultado final: Perdemos, o congresso comprado rejeitou a emenda. Sabemos o que veio depois, até onde chegamos e hoje estamos novamente esperando que o congresso seja honesto para julgar um presidente corrupto. Quem é corrupto está solto e canta marra, pra piorar será reeleito ano que vem, porque tem gente para tudo nesse país. É uma dor imensa perceber que caminhamos tanto, corremos da polícia, sofremos horrores para não chegar a lugar nenhum. A diferença é que agora eles não usam farda. São tantas tristezas nesses momentos que nosso país atravessa, que deixamos de lado quem está ao nosso lado, deixamos de ver o que se passa do outro lado da rua. São notícias terríveis que invadem nossas casas através da televisão que até ficamos paralisados, tristes e cabisbaixos, mas graças a Deus nem tudo está perdido. Com a chegada do inverno, que parece que será rigoroso este ano, vemos despontar aqui e ali vários grupos de trabalho para diminuir o sofrimento de quem não tem condições de estar num lugar quentinho e sequinho. Meu filho Felipe, que não consegue ficar parado, engajou-se num grupo de ajuda a moradores de rua o “RIO SEM FRIO E SEM FOME, (riosemfrioesemfome@gmail.com – @riosemfrioesemfome – A turma junta uns trocados ali e aqui, compra cobertores (custa R$10,00 no Makro), junta roupas, faz comida e vai para as ruas do centro do Rio distribuir. Enquanto uns fazem as distribuições, outros fazem o entretenimento, brincando com as crianças e outros até dão banho naqueles que estão sem condições físicas para isso. Distribuem materiais de asseio, sabonete, escovas e pastas de dentes. Antes de chegarem às ruas, existe um preparação de tudo, a comida feita numa cozinha emprestada de um clube, a separação das roupas, a aquisição e transporte de tudo em carros próprios, tudo na mais inteira disposição de ajudar e querer bem. Tudo no amor, Tudo no carinho ao próximo. Vocês sabem qual a religião dessa turma? Sabem a qual designação religiosa que eles professam? Não sei. Não faço a menor ideia da religião de cada um ali naquela noite de frio, eles falam de um tal Deus, um que ensinou a rezarem juntos, de mãos dadas, de dividirem o que recebem com aqueles que nada tem, eles falam de um tal Deus que não sabia dividir, mas sim, multiplicar. É nesse Deus que eles acreditam, é crendo nesse Deus que eles olham para cada um dos necessitados e apenas dizem; fiquem com Deus. Jovens e adultos irmanados em fazer alguma coisa para ajudar, para amenizar a dor de quem passa noites frias no tempo, que não enxergam muita coisa no futuro deles, mas acreditam que esse Deus não os abandona, tanto é que estão ali se alimentando, trocando de roupas, se cuidando. O poder público não os enxerga mais, são invisíveis aos olhos da sociedade, e do governo então nem se fala. Esses grupos que se espalham pelo país, graças a Deus, são de suma importância para essa população, que cresce velozmente, e que não escolheu a rua para morar, a rua foi sua única opção. Que possamos ver com outros olhos as nossas opções de vida, é preciso sair da nossa zona de conforto e arregaçar as mangas para fazermos um mundo melhor com nossas próprias mãos, sem depender de políticos e de governos, pois se dependermos deles, tudo estará perdido. Olhem a sua volta e descubra quantos grupos iguais a esse existem na sua cidade. Faça a sua parte, faça aquilo que o tal Deus nos ensinou a fazer; dividir o pouco que temos com aqueles que nada têm, porque nem a esperança lhes resta. Não precisa ir longe para ajudar, procure na sua família, nos seus grupos sociais e na sua vizinhança, com certeza você vai encontrar a quem ajudar. A caridade não está somente dentro de uma igreja, ela tem a obrigação de estar dentro do seu coração. Pensem nisso.
P.S. Quem tem fome tem pressa.
P.S. do P.S. Quem tem fome e frio também.
Paulo Sobrinho e Solange