Fé e Política “Os desafios para o combate à violência no Rio de Janeiro…”
* Robson Leite
No ultimo dia 29 de setembro, todos nós ficamos profundamente chocados com o assassinato do jovem Eduardo Felipe, 17 anos, morto pela polícia do Rio de Janeiro no morro da Providência. Se não fosse a coragem de um morador que filmou escondido a ação, os policiais que executaram o jovem e forjaram uma “ação de resistência” do mesmo ficariam impunes, pois não seriam investigados graças a uma triste herança da ditadura militar no Brasil, chamada de “auto de resistência”. Esse procedimento, onde o agente do estado apenas alega que a morte se deu em confronto e que a vítima resistiu à ação policial “trocando tiros” na operação, arquiva de imediato um possível inquérito investigativo que levaria a prisão e a responsabilização penal dos autores do homicídio. Lamentavelmente, esse procedimento do “auto de resistência” é praticamente uma licença para matar.
As imagens, amplamente divulgadas nas redes sociais mostrando os policiais colocando a arma na mão do jovem para “forjar” uma reação manipulando, inclusive, a cena do crime, levantam fortes suspeitas sobre as outras 481 mortes não investigadas no Rio de Janeiro entre 2013 e 2014 sob as mesmas condições. Ou seja, mortes não investigadas em função de um “auto de resistência”. Quando fui Deputado Estadual, acompanhei de perto diversos desses casos e cheguei à conclusão de que o fim do auto de resistência é um passo importante, mas não definitivo, para melhorar o quadro da violência e, sobretudo, a triste marca do expressivo número de homicídios de jovens, em especial de pobres e negros, no Rio de Janeiro.
Já tramita em Brasília um Projeto de Lei (PL 4471/12) que visa acabar com os “autos de resistência” obrigando, dessa forma, a investigação sobre todas as mortes que aconteçam em operações policiais. A aprovação desse projeto já seria um grande avanço, mas não é suficiente. É fundamental rever a estrutura de formação e atuação dos policiais. A polícia do Brasil está entre as que mais matam e que mais morrem no mundo superando, inclusive, países onde há guerra civil. Precisamos, conjuntamente, melhorar a formação dos policiais, humanizar a sua atuação valorizando a dignidade da pessoa humana ao mesmo tempo em que se constroem melhores condições de trabalho desses agentes do estado que vão muito além de melhores salários.
Esse atual modelo de segurança pública também precisa ser repensado. Restringir a segurança pública à atuação policial é como tratar as consequências de uma doença grave sem observar a origem dela. O que leva um jovem ao tráfico de drogas? Será que ele é a causa do problema da violência ou a consequência de um modelo excludente e segregador? Será que esse jovem que está com um fuzil nas mãos não será também vítima desse sistema? Será que ele tem família? Será que ele algum dia foi à escola? Quais valores permearam a sua infância e juventude?
São desafios importantes que precisamos enfrentar. Afinal, nunca é demais lembrar o que o Profeta Isaías dizia 7 séculos antes de Cristo: “não há paz sem justiça”.
Vale muito a pena a sua leitura na íntegra… Leitura e reflexão da necessidade de irmos ao encontro do centro do Evangelho. De voltarmos as nossas atitudes para a construção da sociedade do bem viver e buscarmos, acima de tudo, a atitude da partilha e da solidariedade.
Segue o discurso na íntegra: http://www.robsonleite.com.br/discurso-do-papa-aos-movimen…/
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E vamos juntos construir um novo amanhã na política.
(*) Robson Leite é professor, escritor, membro da nossa paróquia, funcionário concursado da Petrobras e foi Deputado Estadual de 2011 a Janeiro de 2014.
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