Falando Francamente – Tempos da Vovó
Jornalismo é mesmo algo fascinante, nós colunistas repentinamente, muitas vezes somos surpreendidos, quando surge no pensamento, temas e motivos para escrevermos. Imaginem que certo dia, conversando por email com a Ana Clébia, que é uma das responsáveis por esta revista, ela citou uma passagem bíblica que falava em Vaso de Barro, dito isso, me veio à mente os TEMPOS DA VOVÓ e meu pensamento entrou pelo túnel do tempo, e foi parar na década de 1940, época em que convivi com meus avós paternos e matemos. Interessante os gênios e temperamentos das minhas avós, cujos nomes eram: Maria (Mãe da minha mãe) e Amélia (Mãe do meu pai).
Amélia era calma, abnegada, acolhedora e paciente. Maria era agitada, brigona, muito falante e conservadora ao extremo. Educadora exemplar, quando ia à minha casa, via defeitos em tudo, reclamava, chamava nossa atenção por qualquer motivo e nos deixava apreensivos e temerosos de receber cartões amarelos e vermelhos. Quando ela chegava, nossa paz acabava! Já Amélia, era muito católica e não perdia a Oração da Ave Maria, na rádio Tupi, com Júlio Louzada. Era muito carinhosa, gostava de jogar dominó, cozinhava muito bem, fazia um feijão com arroz delicioso, cujo principal tempero era o amor, amor pela família e em especial pelos netinhos. Lembro perfeitamente dela nos dando banho na bacia, eu e meu irmão gêmeo. Vovó fazia bolinhas de sabão para nos distrair, nos tirava da bacia, um em cada braço. Imaginem que lindo, o Zamoura peladinho no colo da vovó, saindo do banho. Realmente uma cena infanto-erótica inusitada.
Estimados leitores, muitas lembranças ficaram na memó¬ria. Minhas avós passando roupa com ferro a carvão, frituras com banha, orações ao lado do aparelho de rádio, o escovão para encerar o piso da sala, os almoços e jantares, que só eram servidos quando o chefe da casa chegasse, este era meu tio solteirão. As crianças não se não se envolviam em conversas dos adultos, o bonde CASCADURA, cujo trajeto era de ¬Madureira até o Largo de São Francisco, cujo ponto na Rua Ana Neri em S. Francisco Xavier ficava bem em frente a casa da vovó Amélia, que na janela esperava nossa chegada. Avaliem a importância de um telefone celular se houvesse naquela época. A janela da casa da minha avó era muito disputada, principalmente durante o carnaval, inclusive a escola de samba Mangueira, desfilava naquela rua e os bondes passavam lotados com o povo cantando e batucando.
Naquela época, virgindade era coisa muito séria, desquites e separações eram raras; lembro quando meu tio e padrinho se separou e meu pai, um militar cheio de princípio moral e dignidade, quando soube disse: “Aqui em casa ele não põe mais os pés”. Beijos e abraços entre namorados eram inadmissíveis e só aconteciam no escurinho do cinema, e mesmo assim, muito discretamente. Que diferença dos tempos atuais em que a namorada dorme na casa do namorado na mesma cama e com a porta trancada, num verdadeiro desafio a gravidez. Nos tempos da vovó não havia gays, e sim com certa raridade AFEMINADOS e MULHER HOMEM. E, se houvesse mais espaço dispo¬nível, eu escreveria muito mais.
Já que falamos no tempo antigo, permitam que lhes diga que minha mãe, no dia 2 de dezembro último fez 100 anos de vida. Felizes aqueles que ainda podem chamar MAMÃE.
Louvores e Glórias a Deus
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