Espaço Teológico – out2018
O perdão
“Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou”. (Col. 3,13)
Muito se fala sobre o perdão, que está na essência de todo cristão, pois somos perdoados constantemente por Deus. Mas se ilude quem acha que perdoar é fácil, pois pedir perdão nos constrange, nos envergonha, nos enfraquece, nos dá um medo, porém, isso acontece porque somos imaturos, por isso temos muita facilidade para endurecer o nosso coração.
O perdão é uma das coisas mais libertadoras que alguém pode fazer. A falta de perdão é como uma pedra amarrada na perna de alguém, que a arrasta para o fundo do mar. Ele é uma das maiores formas de generosidade que existem. Dar e pedir perdão é uma liberdade, é uma parte quase inevitável de todas as relações. Há pessoas que não perdoam para não libertar o outro da culpa. Não fazê-lo implica cultivar a dor no nosso interior, se transformando em uma espécie de faca afiada e descontrolada capaz de causar um enorme estrago de maneira inesperada. Não saber perdoar nos prende à raiva e ao ressentimento, enchendo nosso pensamento com isso. Perdoar alguém que nos feriu não é fácil, mas é necessário para nos libertar das feridas do passado e deixar para trás qualquer carga emocional que nos machucar.
O gesto de não perdoar nos torna mais cegos e mais burros, pois não conseguimos enxergar o lado positivo e as qualidades obvias para qualquer outro olhar. Os defeitos, mesmo sendo frutos de preconceitos, são amplificados. Qualquer avaliação torna-se inviável. A inteligência e a sabedoria parecem evaporar.
Muitas pessoas entende o perdão de forma errada, acreditam que perdoar é: libertar a pessoa que o magoou de seus atos, é ceder, é oferecer a outra face, é fingir que nada aconteceu, é admitir que sua raiva não é justificada, é ser obrigado a se dar bem com alguém que você sente que pode feri-lo novamente.
Temos que entender que todo o ser humano em qualquer situação tem tanta necessidade de compreensão como tem de amor e que é condição necessária para o amor. O perdão tem a ver consigo mesmo, com se sentir bem. O perdão tem a ver com: libertar rancores ou ressentimentos; curar feridas, atenuar cicatrizes; ser uma escolha para passar a um estado mental melhor; nos ajuda a focar nos aspectos positivos do outro; nos dar uma oportunidade de começarmos do zero.
Perdoar é um grande ato de bondade para consigo mesmo e para os demais. O ideal é você poder lembrar qualquer acontecimento sem vivenciar coisas desagradáveis. A dor causada por um dano é inevitável nos faz revive-la.
Não há uma única forma de perdoar, algumas pessoas têm mais facilidades que outras. E por isso devemos lembrar que as coisas não podem ser mudadas, mas você tem o poder de decidir a forma como responde aos acontecimentos.
“Aquele que é incapaz de perdoar é incapaz de amar”
Martin Luther King
“Somente aqueles espíritos verdadeiramente corajosos sabem como perdoar. Um covarde nunca perdoa porque não está em sua natureza”.
Laurence Sterne
Michele Amaral
Bacharel em Teologia – PUC-Rio