Espaço Teológico – Nov2017
Amor ao próximo
No artigo anterior conversamos sobre a gratuidade do amor de Deus e vimos que somos convidados a amar. Amar é tão essencial que constitui os dois mandamentos, deixados por Jesus: Amar a Deus sobre todas as coisas e Amar ao próximo como a ti mesmo (cf. Mt 22). Esses dois mandamentos não podem se separar: amar a Deus é cumprir a sua vontade e estabelecer uma relação de amor, de solidariedade, de partilha e de serviço com o próximo. Ao perceber isso irei ver no rosto de cada irmão, a imagem de Deus. Com isso podemos dizer que eles são inseparáveis e complementares, são as duas faces da mesma moeda. Falando assim parece ser fácil, pois o próximo é palpável e o nosso relacionamento com Deus está pautado na fé.
Mas será que é tão simples assim?
Não é tão simples assim, é complexo! Amar implica em ação, implica em colocar à disposição os dons que o Espírito Santo, para que a comunidade possa crescer. Amar ao próximo é a lei do Reino, amando ao próximo podemos conhecer a Deus, que é amor (cf. Tg 2,8). Vejo cada vez mais presente em nossas igrejas a atitude farisaica, pessoas que dizem o tempo todo: eu rezo, faço orações o dia inteiro, não falto à missa, sou adorador, estou sempre com um terço na mão, mas sou grossa, egoísta, não ligo para as necessidades do meu próximo. Considero minhas prioridades mais importantes que a do meu irmão. Esse tipo de atitude nos mostra que frequentar a igreja e conhecer a misericórdia de Deus, não implica que a pessoa saiba amar o próximo, pois não é automático.
Amar ao próximo significa comprometer-se com ele, fazendo o que for necessário para que ele esteja bem. Você pode se tornar próximo de alguém o auxiliando em sua necessidade, tendo compaixão dele.
Mas quem precisa de compaixão? Todos nós.
Você deve estar se perguntando: mas eu não passo fome, tenho tudo que é essencial para viver, não preciso de nenhum tipo de ajuda financeira, então como eu também preciso de compaixão? Hoje, vivemos em um mundo do individualismo, do consumismo, onde cada vez mais encontramos pessoas fragmentadas, que precisam de um simples gesto de amor, pois se sentem só. Amar ao próximo é dá pão a quem tem fome, é buscar a justiça para os que precisam, mas é também é abraçar, ouvir, demostrar preocupação, mostrar para a pessoas que está ao nosso lado que você se preocupa com ela. É se colocar presente para ajudar no que for necessário. Amar o próximo é agir com o outro como gostaríamos que agissem conosco. Com ternura e compaixão. Desta forma, iremos quebrar as algemas da indiferença e da solidão.
Como posso amar o próximo como a mim mesmo, se não me amo?
Sobre isso conversaremos no próximo artigo!
“Antes de tudo, cultivai, como todo o ardor, o amor mútuo, porque o amor perdoa uma multidão de pecados. Exercei a hospitalidade uns para com os outros, sem murmuração. Todos vós, conforme o dom que cada um recebeu, consagrai-vos ao serviço uns dos outros, como bons dispensadores das diversas graças de Deus”. (1pd 4,8-10)
Michele Amaral
Bacharel em Teologia
Puc – Rio