Espaço Teológico – Mar2019
Quaresma é tempo de se examinar
Neste mês de março iniciamos a quaresma, tempo litúrgico que a Igreja nos convida a nos examinar e a meditar. Muitas das vezes esse período importante do Ano litúrgico passa e alguns não dão a devida importância.
Quando paramos para pensar sobre esse período especifico, vêm em nossa mente algumas palavras pouco usadas, como jejum e abstinência. Os mais antigos iram se lembrar de que as imagens eram cobertas nesse período com um pano roxo (isso ainda é feito em algumas igrejas). Mas ao que somos convidados nesse momento?
Nesse período somos convidados a vivenciar a Paixão de Cristo em nossa vida, é momento de silencio e total reflexão. Não devemos nos preocupar com Ovos de chocolates e ceias exuberantes, mas procuremos vivenciar o amor de Cristo por nós meditando a sua morte no alto da cruz, para que possamos na manhã de Páscoa procurá-lo como Maria.
Mas como vivenciar a Paixão? Desde a imposição das cinzas na quarta-feira, vivemos dois momentos, o da Fragilidade e o do convite. No momento da fragilidade somos lembrados que somos frágeis, “Todos vão para um lugar, todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (Ecle 3,20). Não podemos ficar com a nossa soberba, ela deve cair por terra. Com a cinza na fronte somos convidados a prestar mais atenção ao compromisso com Jesus, recebemos com esse sacramental o convite de mudar de vida, a rasgar o nosso coração. O coração contrito e humilde é a única porta por onde a Graça penetra.
Quaresma, tempo de examinar nosso coração e nossas intenções. “Tudo tem o seu tempo determinado” (Ecle 3,1) É tempo de olhar para o outro, tempo de deixar a mentalidade mundana. Logo no início da Quaresma somos chamados a estar com Jesus no deserto, no silencio, onde damos espaço às coisas que nos foram ditas e deixar as coisas se assentarem. É tempo de escutar o Filho amado: “Este é o meu Filho muito amado. Ouvi-o” (Mt 3,17).
Tempo de olhar para a cruz e lembrar que o amor levou o Filho Amado, ao gesto de amor supremo. Não devemos para nas cruzes artificiais, pois cruz é sempre cruz. Lembremos que a cruz é renúncia, é o esquecimento de si. Por isso é tempo de recordar, de renovar os compromissos batismais e morrer a si mesmo para que a Luz da Ressurreição possa nos dar um novo significado e um novo propósito para a nossa vida. O amor deve ser amado.
“Converter-se significa não fechar-se na busca do próprio sucesso, do próprio prestígio, da própria posição, mas fazer de modo que todos os dias, nas pequenas coisas, a verdade, a fé em Deus e o amor se tornem a coisa mais importante”.
(Bento XVI)
Michele Amaral – Bacharel em Teologia – PUC-Rio