Espaço Teológico – Junho 2016
Devoção Mariana, sim! Mas, com cuidado
Nesse mês celebraremos a devoção mariana ao Imaculado Coração de Maria. Essa devoção ganha força com as aparições de Maria, em Fátima, e com as revelações feitas a Beata Alexandrina de Balasar. Em 1935, em uma das revelações de Jesus a Alexandrina Ele diz que, da mesma forma que pediu a Santa Margarida que o mundo fosse consagrado ao seu Divino Coração, pede que o mundo seja consagrado também ao coração de sua Mãe. A partir de 1942 essa devoção recebe uma data em nosso calendário litúrgico.
Diante disso quero convidá-los a refletir sobre o devocionismo.
As práticas devocionistas são boas, pois nos direciona a viver em sintonia com Deus e a seguir Jesus intensamente. O grande problema são os exageros que fazem mal. Podemos comparar a um remédio tomado de maneira incorreta que pode prejudicar ao invés de curar. Isso se dá quando não fazemos as coisas com critérios e limites, pois nos leva a correr o sério risco de cair no extremismo. O Extremismo pode nos conduzir a intolerância e a miopia espiritual, ou seja, as pessoas começam a condenar quem não pensa como elas.
Aqui encontramos o problema. O devocionismo extremista nos traz terríveis desvios. Maria lentamente vai se tornando mais importante do que Jesus. Esse tipo de atitude faz surgir títulos atribuídos a Maria que não são dela, como por exemplo, algumas pessoas afirmam que ela é Mãe da Santíssima Trindade. Maria é mãe do Filho de Deus, e por isso a chamamos de Mãe de Deus. A Igreja nunca disse que ela é mãe do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Podemos dizer que ela é filha, mãe e esposa da Trindade. É filha do Pai, mãe do Filho de Deus encarnado e esposa do Espírito Santo. Por conta desse tipo de confusão, que a Igreja nos pede que evitemos “… palavras e atitudes, tudo o que possa induzir em erro acerca da autêntica doutrina da Igreja”. (Lumen Gentium, n.67)
Ela merece todo respeito e sua devoção é legítima, mas não pode extrapolar o bom senso. Maria não é igual a Jesus e ela sabe o lugar dela. Ninguém esteve mais intimamente ligado ao Filho de Deus quanto ela, mas ela sabia o seu limite. Ela é serva, por excelência, do Senhor, mesmo sendo mãe do Filho de Deus. Guarda no coração e coloca em prática. Pela sua fé, Maria é o exemplo do cristão, seguidor e aprendiz do Senhor. Em Maria, a fé se traduz em ser mãe, educadora e discípula de Jesus. Sua importância está em sua fé, no seu compromisso radical e inteiro a Deus e ao seu projeto.
“Lembrem-se de que a verdadeira devoção não consiste numa emoção estéril e passageira, mas nasce da fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos incita a amar filialmente a nossa mãe e a imitar as suas virtudes”. (Lumen Gentium, n.67)
Michele Amaral – Bacharel em Teologina – Puc – Rio