Espaço Teológico – jun2017
“Vamos Acender a Fogueira”
No mês de junho é celebrado em diversos lugares a Festa Junina.
De onde surgiu essa festa e por que?
As festas juninas são mais antigas do que pensamos! Elas tiveram seu início na Antiga Europa, no mês de junho acontecia o solstício de verão, os pagãos se reunião para comemorar o início da colheita, um dos deuses que eram “homenageado” era Juno, esposa de Júpiter, por isso a festa era chamada de “junônias”. A Igreja cristianiza a festa estabelecendo homenagem a três santos do mês: Santo Antônio, São João Batista e São Pedro. As comemorações passaram a se chamar de “joaninas” (por causa de João).
Depois dessa pequena explicação que falar um pouco sobre João Batista. “Acende a fogueira, João nasceu!” Parece canto de festa junina, mas foi uma ordem dada por Isabel assim que deu à luz. Conta a tradição popular que o fogo foi a forma de comunicar o parto à sua prima, Maria, que estava em outro ponto do vale. Maria também estava grávida: seis meses depois, era a vez de Jesus vir ao mundo.
Além dos laços familiares, João tinha outras coisas em comum com Jesus. Como Maria, Isabel também engravidou contra todas as probabilidades. Não era virgem, mas dizia-se que estava estéril e tinha idade avançada quando concebeu o último filho. Ele se tornou um pregador e ficou conhecido por batizar os gentios nas águas do Rio Jordão. Mas quando o apontavam como o esperado Messias dos judeus, ele anunciava: “Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. Referia-se ao primo.
Para ganhar de vez o apelido de “Batista”, realizou um feito capaz de fazer inveja a qualquer outro santo: abençoou o próprio Jesus, testemunhando em seguida a descida do Espírito Santo em forma de pomba – era o início da meteórica missão do “filho de Deus”. As qualidades de João Batista lhe garantiram lugar de honra entre os santos católicos. Equiparando-se a Jesus, ele é o único do qual se comemora o dia do nascimento, e não o da morte.
No período do século XIV, a Igreja se esforçava para tirar os efeitos dos rituais pré-cristãos, como os cultos solares e lunares associados à vida agrícola. Diante disso, ela utiliza a festa do solstício de verão que tinha o dia com maior duração da luminosidade do sol, para dar um novo significado datando então a festa de São João. A fogueira que antes era símbolo de perdição, destruição das obras do Criador, agora ela se torna o sinônimo de purificação.
Entre fogueiras, balões, danças, brincadeiras, música e muita comida, sempre sobra um espaço para o santo: lá está ele, representado em forma de menino, de cabelos encaracolados, carregando um cordeirinho nos braços. Inocente criança que dorme, e que a festa – licenciosa e profana, por mais que a Igreja tente impedir – quer despertar com seus fogos e rojões: “Acordai, João!”
Michele Amaral
Bacharel em Teologia – PUC Rio