Espaço Teológico – Julho 2016
Idade, sinônimo de experiência
No dia 26 a Igreja celebra a memória dos pais de Maria, Sant’Ana e São Joaquim. Diante disso nesse mesmo dia comemoramos o dia dos avós, fazendo menção a eles, que são avós de Jesus.
Os idosos que, por sua experiência, já tiveram o status de conselheiros de tribos e governos, hoje são relegados à solidão e desamparo. Vivemos em uma sociedade do descartável, onde se você não é mais útil, não serve mais para nada. E essa é a realidade que nossos idosos, nossos avós, nossos anciãos, vivem.
Quando reflito sobre isso me pergunto: onde está o respeito que se tinha pelos “mais velhos”? Fico me recordando das conversas com a minha saudosa vó Luzia, em que ela contava suas histórias de vida. Lembro-me das partilhas e risadas na cantina da nossa Paróquia com os senhores da missa das 07h00min horas; dos momentos de aprendizado com o Irmão Mario; dos momentos de orações com os senhores da Congregação Mariana, onde aprendi a ter um amor incondicional a Maria e dos meus diálogos com meu amigo Padre Pereira. Todos esses momentos foram de suma importância para minha vida, pois foram nesses momentos que fui lapidando o meu caráter e a pessoa que sou, mas essa experiência só foi possível porque meus pais sempre me ensinaram a respeitar os “mais velhos”, não por causa da sua idade e sim pela experiência de vida.
O Papa Francisco, em suas catequeses, sempre nos lembra da importância do papel dos avós na família. Ele nos lembra que “O Senhor não nos descarta nunca. Ele nos chama a segui-Lo em cada idade da vida e mesmo a velhice contém uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor. A velhice é uma vocação” (Catequese do dia 11/03/2016).
Isso nos faz pensar nos idosos da bíblia. Em seus livros a figura do idoso é tratada com muito respeito, pois eram chamados de anciãos e eram valorizados por sua sabedoria: “Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, pois eles aprenderam com seus pais. Estudarás com eles o conhecimento e a arte de responder com oportunidade” (Eclo 8,11-12). Isso é tão importante que em Levítico encontramos a orientação para ficarmos de pé na presença das pessoas idosas e que as tratemos com respeito (Lv 19,32). No Novo Testamento encontramos 4 pessoas idosas envolvidas com o nascimento de Jesus: Zacarias e Isabel (Lc 1,7), o ‘velho’ Simeão e a ‘profetisa’ Ana (Lc 2,25-38), ela foi a primeira pregadora de Jesus “falava do menino a quantos esperavam a redenção de Jerusalém” (Lc 2,38).
Temos que ter em mente que o processo de envelhecimento é a passagem do tempo sobre o nosso ser, desde que somos concebidos até a hora de morrer. E como diz o escritor José Bergamin “Viver é fazer o contrário do que a morte quer”. Devemos valorizar as amizades cultivadas ao longo dos anos, as relações mantidas no seio familiar e a vivência com a com as outras épocas da vida. Pablo Picasso nos lembra que “Para aprender a ser uma pessoa jovem é necessário viver muitos anos”.
Valorizemos os nossos idosos! A valorização deles é muito importante, principalmente a oração dos nossos idosos, pois é um dom para a Igreja. “Precisamos de idosos que rezam porque a velhice nos é dada justamente para isso. É algo belo a oração dos idosos” (Papa Francisco).
“A juventude é a época de se estudar a sabedoria; a velhice é a época de praticá-la”. Jean-Jacques Rousseau.
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Michele Amaral