Espaço teológico – Jan2018
“Já não sou eu quem vive”
Nos últimos meses falamos sobre as relações básicas da vida: com Deus, com o próximo e conosco mesmo. Ainda iremos trabalhar mais sobre essas relações em outros momentos, mas nesse mês iremos conversar um pouco sobre o momento que a Igreja está celebrando, o ano do laicato.
Esse tema foi proposto pela Igreja para aumentar a consciência do papel do leigo. Mas quem são os leigos? A palavra Leigo deriva do Latim “laicus” cuja origem vem do grego “laikós”. É sinônimo de “laico” ou “laical”. Na Igreja, leigo é todo cristão batizado que não participa do clero, ou seja, não são ordenados nem fazem parte da hierarquia eclesiástica. Sua vocação principal e primeira é a de buscar o Reino de Deus, exercendo funções no mundo, no trabalho, mas ordenando-as segundo o Plano e a vontade de Deus.
Dentro de nossas comunidades os leigos são convidados assumir sua missão, dentro e fora da Igreja. Cada um com sua missão, com direito de agir, testemunhar e animar a sociedade e a Igreja, ou seja, devemos ser testemunhas do Cristo ressuscitado onde moramos, vivemos e trabalhamos. Em nossa missão como batizados podemos agir em diversos ministérios, nos serviços básicos da comunidade de fé, animando a liturgia, a catequese e os serviços eclesiais, círculos bíblicos, grupos de reflexão e outros, bem como o testemunho no serviço aos mais carentes.
Mas o nosso ministério não termina dentro da Igreja, mas devemos continuar fora também desenvolvendo relações na sociedade, na política, na economia e em todos os campos que nos ajude a proteger a dignidade humana.
O essencial é ser um cristão autentico independente de qual “classe” da Igreja você pertença, pois pelo batismo possuímos a mesma dignidade. Que assumamos a nossa missão para podermos então dizer que somos “Sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13), ou seja, a nossa fé deve transparecer, devemos ter a coragem de sermos diferentes no mundo por meio de nossas obras e que possamos iluminar todos à nossa volta.
O leigo sabe bem o sentido das palavras de São Paulo aos Galátas 2,20 “já não sou eu quem vive…” Quando um cristão vive uma verdadeira experiência com Cristo, uma real conversão, nada pode pará-lo. Então, saiba que, independente do que você vive hoje, a graça de Deus é o único caminho para uma vivência de fé e serviço. O Espírito Santo é a fonte da mudança, e é por meio d’Ele que conseguimos caminhar com a Igreja, em direção ao próximo. Você não muda de vida pela Igreja, mas com ela descobre o seu lugar e como é importante o seu testemunho na sociedade. Quem vive essa experiência não consegue ser mais o mesmo.
Michele Amaral
Bacharel em Teologia – PUC-Rio