Espaço Teológico – A Imaculada Conceição
No dia 8 desse mês proclamamos o dia do dogma da Imaculada Conceição de Maria. Diante disso nos vem diversas perguntas em nosso coração: O que é Dogma? E a Igreja sempre considerou Maria como Imaculada? O que é ser Imaculada? O que significa esse dogma? Tentarei responde-las de forma breve!
A palavra Dogma vem do grego Dokeo, que tem o mesmo valor de “decisão”. Utilizando-se desse valor, o Magistério da Igreja nos diz que o Dogma é uma doutrina que propõe de maneira definitiva uma verdade revelada, pois ela está contida de maneira explicita e imutável ou possui uma “conexão necessária” na Revelação divina, por exemplo, os artigos do “símbolo da fé” (Credo). É importante lembrar que a Igreja vai definindo os dogmas de maneira gradual, ou seja, ao longo da história, isso não quer dizer que essas verdades só foram reveladas mais tarde, mas sim que foram se tornando mais claras. Um dos primeiros dogmas a serem definidos nos primeiros concílios foi sobre a Santíssima Trindade.
Temos que ter em mente que até ser decretado o dogma muito caminho se percorreu, foram feitos vários plenários para que se chegasse a um consenso, com isso tivemos Teólogos e Doutores que se intitulavam Imaculados, a favor do dogma e os Maculados que consideravam Maria Cheia de graça, mas acreditavam que como pertencente a uma humanidade pecadora ela havia contraído o pecado original como qualquer ser humano. Como Imaculados podemos citar diversos, mas seu pioneiro foi o franciscano Beato Duns Scoto (vejam o Filme sobre a vida dele, poderão ver como eram feitos os plenários) e como Maculado podemos citar Santo Tomás de Aquino que no final de sua vida (1273) ele assume-se como favorável ao dogma mariano.
Desde os primeiros séculos o povo cristão, com seu sentido de fé (sensus fidei), baseado na Escritura, sempre considerou Maria como toda santa sem pecado. Já no século IV encontramos o diácono e teólogo Efrém da Síria compondo hinos afirmando que Maria era limpa e pura da macha do pecado, bem como Jesus. No Século VII, no Oriente, S. João Damasceno fala da santidade original de Maria e celebra a festa de sua Conceição. Por volta do Século XI iniciou-se as reflexões que tinham como objetivo afirmar teologicamente o que a piedade popular já confessava. Duns Scoto que defendeu a tese de que segundo a qual a ação redentora de Cristo em relação a sua mãe devesse ser considerada como preservada do pecado original, ou seja, é por causa de Cristo que ela é preservada. O dogma foi definido no ano de 1854 pelo Papa Pio IX com a Bula Ineffabilis Deus:
“Em honra da Trindade (…) declaramos a doutrina que afirma que a Virgem Maria, desde a sua concepção, pela graça de Deus todo poderoso, pelos merecimentos de Jesus Cristo, Salvador do homem, foi preservada imune da mancha do pecado original. Essa verdade foi-nos revelada por Deus e, portanto, deve ser solidamente crida pelos fiéis”.
Lembrando que isso não quer dizer que as outras consequências da situação de pecado foram excluídas: dor, angústia, morte, etc. O dogma declara que Maria é “toda santa” por iniciativa soberana de Deus e nisso vemos o reflexo da santidade de Deus na história humana marcada pelo pecado e, além disso, uma realização exemplar da santidade à qual a Igreja é chamada é o início luminoso do mundo renovado que Deus, por meio do Cristo e na potência do Espírito.
“Aceitai, Senhor, o sacrifício de salvação que Vos oferecemos na solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria e, assim como acreditamos que, por vossa graça, ela foi isenta de toda a mancha, sejamos nós, por sua intercessão, livres de toda a culpa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo”. (Oração sobre as Oblatas)