ELE está no meio de nós!
Para celebrarmos o dia de Corpus Christi, pensamos em trazer algumas experiências vividas por pessoas, que pudessem expressar com clareza como sentem a presença real de Jesus na Eucaristia.
Conversamos com algumas pessoas e a maior parte dos relatos foi de experiências vividas durante um momento de Adoração ao Santíssimo. Alguns disseram que viram luzes, sentiram cheiro de rosas… Uma pessoa contou, com riqueza de detalhes, sobre estar com os olhos fechados, rezando em silêncio, quando sentiu como um farol aceso na sua direção e quando abriu, assustada, os olhos, o padre estava na sua frente com o Santíssimo.
Outras pessoas relataram sobre sonhos. Uma contou que estando afastada muito tempo da Eucaristia, sonhou que estava no ultimo banco central, do lado direito do Loretão, enquanto as pessoas seguiam em procissão para receber a comunhão. Ela chorava de joelhos, pedindo perdão pelos motivos que a impediam de comungar, quando olhou para frente, viu o próprio Jesus, acenando para ela ir até ele. Ela então se levantou, tentando correr na direção dele e quando se viu estava aos seus pés. Nossa! Muito emocionante esse sonho, que logo se tornou realidade, pois a pessoa procurou direção espiritual com um de nossos padres. Confessou e voltou a comungar. Para ela “Cada Eucaristia é ver o Cristo novamente acenando: Vem!”.
Porém um relato foi diferente. Não houve nada fantástico como os demais e pensamos ser importante contar:
Era quase Natal e a novena era feita em uma comunidade muito pobre. Por não ter capela no local, depois da novena era realizada uma celebração da Palavra, pelo diácono que acompanhava o grupo de mais ou menos 10 leigos missionários. Os locais eram escolhidos aleatoriamente, pois ninguém do grupo conhecia as famílias que estavam assentadas ali a pouquíssimo tempo. Pelo 3º dia da novena foram a um dos pequenos barracos. Eram cinco crianças, uma mulher nova ainda e um homem acamado, muito doente. Ele reclamava de dor, sem médico, sem remédios, sem trabalho. Tinha chovido, havia lama fora e dentro do barraco de chão batido. Não havia café, nem bolo e nem cadeiras para sentar. O nome desse quadro aqui descrito é pobreza extrema.
Depois da conversa em que se tomou conhecimento de tudo isso e se combinou ações concretas para ajudar a família, começaram a Novena, agora com outras pessoas da vizinhança que se aproximaram para participar. Entre as crianças havia um bebê que ninguém tinha visto, pois estava dormindo em meio a uns lençóis na única cama que havia no cômodo. Quando cantavam “Noite Feliz”, a criança começou a chorar baixinho. A mãe pegou o bebê no colo e virando-se para o círculo formado, continuou cantando. Ele então parou de chorar e olhando para o grupo balbuciava sons de fecunda felicidade; sabe um bebê feliz? Era aquele! O diácono que acompanhava a Novena, terminada a celebração da Palavra, distribuiu a Comunhão. E lá estava o bebê, no colo da mãe balbuciando alegremente, com o olhar que transparecia toda aquela alegria, e ao mesmo tempo uma calma, uma paz indescritível.
Todos os que participaram daquele dia, saíram dali com a certeza absoluta da presença do Cristo naquele lugar. Diziam: “eu vi o Cristo”. Como os discípulos de Emaús, reconheceram o Cristo ao partilhar o pão. Eis o mistério da Fé!
Eis também a palavra que resume tudo o que aconteceu naquele dia: PARTILHA! Por isso perceberam Jesus entre eles. Fortalecidos pela comunhão com cristo e com os irmãos.
Nessa Páscoa, o Padre Rafael em uma homilia falou sobre o AMOR. Explicando que “o amor é sinônimo de gesto concreto”. Se Deus é amor e comungamos desse amor, através da Eucaristia, somos impelidos à ação.
Amar concretamente é partilhar. É viver em comunidade, se preocupando com o próximo, sendo canal de vida para os menos favorecidos na sociedade. Nossa boca deve anunciar o bem comum e o trilhar do nosso caminho deve ser com a certeza de que o Cristo está entre nós.
“Jesus caminhava em meio à multidão”. Vemos se repetir essa frase em várias passagens do Evangelho. Por toda a sua vida pública, Jesus se colocou junto ao povo. E porque nos amou até o fim, se fez corpo e sangue no pão e no vinho, deixando-se para nós, em presença real, física. Todo esse amor, narrado por São João, não retrata um sentimento, mas sim um gesto concreto. Jesus não estava saudosista no momento em que partilhava com seus amigos a ultima refeição. Ele estava ensinando a cada um de nós a reconhecê-lo na partilha e nos fortalecer no único lugar possível: Nele mesmo.
“A Eucaristia produz uma transformação progressiva no cristão. É o Sol das famílias e das Comunidades”. (Santo Tomás de Aquino).
O ano do laicato vem nos convidar a refletir o papel do leigo na Igreja e na sociedade.
O doc. 105 da CNBB nos diz que “A vocação leiga é ser Igreja, viver pela Igreja e viver com a Igreja. E, como Igreja, deve-se olhar para as exigências sociais que os cercam, enxergar onde elas estão e descobrir o novo que nasce para, com a graça de Deus, tornar o rosto de Cristo visível aqui na terra”.
Com essa reflexão, terminamos esse artigo com a letra de um antigo hino de comunhão e o desejo de que Corpus Christi 2018 seja para a sua vida um despertar de luzes, perfumes, mas, sobretudo de muito amor.
Ana Clébia
Pascom Loreto
O pão da vida, a comunhão, nos une a cristo e aos irmãos,
E nos ensina abrir as mãos para partir, repartir o pão,
E nos ensina abrir as mãos para partir, repartir o pão.
Lá no deserto a multidão com fome segue o bom pastor.
Com sede busca a nova palavra: Jesus tem pena e reparte o pão.
Na páscoa nova da nova lei, quando amou-nos até o fim,
Partiu o pão, disse: “isto é meu corpo por vós doado: tomai, comei!”.
Se neste pão, nesta comunhão, Jesus, por nós, dá a própria vida,
Vamos também repartir os dons, doar a vida por nosso irmão.
Onde houver fome, reparte o pão e tuas trevas hão de ser luz;
Encontrarás cristo no irmão, serás bendito do eterno pai.