Editorial – Abril 2014
A alegria do Evangelho
Querido paroquiano, prezado leitor.
Há poucos dias celebramos a festa da Anunciação e da Encarnação. Deus assume um corpo que pode morrer. Isto ele faz para pagar pelo nosso pecado. Deus está junto de nós, acompanha de perto a vida e o sofrimento do povo. Sofre conosco e os inimigos o levam à cruz, à morte. Uma morte injusta, como o próprio bom ladrão reconheceu: ele não fez nada de mal.(Lc 23,40) Mas Deus, o Pai o ressuscitou e disso nós somos testemunhas. (At 2,32) Essas palavras de S. Pedro falam em nome de toda a Igreja. Não é Pedro a testemunha, nem as mulheres, mas nós. Eles, os primeiros discípulos, presenciaram os sinais da ressurreição. As mulheres viram o túmulo aberto; os discípulos viram que o corpo dele não estava lá; só os lençóis no chão. Eles viram e acreditaram. Agora somos nós que celebramos a Ressurreição. Encontramos o sinal: o túmulo vazio. Agora somos nós que somos chamados a testemunhar, comunicar a experiência, pregar a Boa Notícia. O Senhor ressuscitou de verdade. Alegrai-vos.
Foi certamente isso que motivou o Papa Francisco ao escrever a sua Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” para indicar os caminhos da Nova Evangelização. Em plena sintonia com o que disseram os Bispos da América Latina no Documento de Aparecida e com o que propõe o nosso 11º Plano de Pastoral de Conjunto do Rio de Janeiro, o Papa afirma que cada cristão é “discípulo missionário” e que temos que olhar para os primeiros discípulos que, logo depois de terem conhecido o olhar de Jesus, saíram proclamando cheios de alegria “Encontramos o Messias”(Jo 1,41) ou a Samaritana que foi logo chamar os moradores de Sicar (Jo 4). Refletindo sobre as Tentações dos agentes pastorais, nos pede “Não deixemos que nos roubem o entusiasmo missionário e a alegria da evangelização” (EG 76-109). Tem gente, leigos e padres, diz o papa, que tem medo de assumir uma tarefa missionária que lhes possa roubar o tempo livre. E chama a isto de desânimo egoísta, sem uma espiritualidade que impregne a ação e a torne desejável. Cansam mais do que é razoável. Não é uma fadiga feliz, mas tensa, pesada e não assumida. Mais adiante, o papa fala das relações geradas por Jesus: o desafio do viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica, mas que pose transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa peregrinação sagrada. “Não deixemos que nos roubem a comunidade” (EG 87-92)
Maria, a Estrela da Nova Evangelização, rogai por nós.
P. Sebastião Noronha Cintra, pároco.