Cristo é a luz dos povos
Jonas Ferreira e Michele Amaral
Mestrando em Teologia / Bacharel em Teologia
PUC-Rio
Nesse mês iremos conversar um pouco sobre a solenidade que acontece no dia 06 de Janeiro que é a Epifania do Senhor. Em alguns estados do Brasil nesse dia se festeja a folia de reis. Esta solenidade possui uma íntima relação com o Natal, o que remonta à origem comum de ambas as festas. Ambas são festas que celebram Cristo como Luz dos povos. O acontecimento bíblico da visita dos Magos do Oriente (Mt 2,1-12) adquire uma dimensão universal com manifestações do recém-nascido para as nações. Temos com a Solenidade da Epifania o segundo cume do Tempo do Natal.
O tema da luz domina a solenidade do Natal e da Epifania, que antigamente e ainda hoje no Oriente estavam unidas numa só grande “festa das luzes”. No sugestivo clima da Noite Santa apareceu a luz; nasceu Cristo “luz dos povos”. É ele o “sol que surge do alto” (cf. Lc 1, 78). Sol vindo ao mundo para dissipar as trevas do mal e inundá-lo com o esplendor do amor divino. Escreve o evangelista João: “O Verbo era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, a todo o homem ilumina”.
A solenidade da “Epifania”, que significa “Manifestação”, volta com vigor o tema da luz. Nesta solenidade da Igreja, o Messias, que em Belém se manifestou a humildes pastores da região, continua a revelar-se luz dos povos de todos os tempos e de todos os lugares. Para os magos, vindos do Oriente para adorá-lo, a luz do “rei dos Judeus que acaba de nascer” (Mt 2, 2) assume a forma de um astro celeste, muito brilhante, a ponto de atrair o seu olhar e os guiar até Jerusalém. Põe-nos, assim, nas pegadas das antigas profecias messiânicas: “uma estrela sai de Jacob e um cetro flamejante surge do seio de Israel…” (Nm 24, 17).
Como é sugestivo o símbolo da estrela que se repete em toda a iconografia do Natal e Epifania! Ainda hoje, evoca profundos sentimentos, mesmo se, como tantos outros sinais do sagrado, corre o risco de se tornar banalizada pelo uso consumista que dela é feito. Sua apresentação na iconografia cristã e na Liturgia tem como objetivo apresentar Cristo como “Luz dos Povos”. “Eu sou a luz do mundo; quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12). Encarnando, o Filho de Deus manifestou-se como luz. Luz não só para o exterior, na história do mundo, mas também para o interior do homem, na sua história pessoal. Fez-Se um de nós dando sentido e valor renovado à nossa existência terrena. Deste modo, no pleno respeito pela liberdade humana, Cristo tornou-se a “luz do mundo”. Luz que brilha nas trevas (Jo 1, 5).