Contribuição do Leitor – Maio 2019
Biodiversidade é vida, é saúde
A Campanha da Fraternidade de 2019 (CF) nos leva a refletir sobre a “Fraternidade e Políticas Públicas” onde nosso Bispo Dom Orani enfatizou e nos direcionou no seu lançamento a trabalhar sobre a importância da saúde nas ações e proposições das políticas públicas. Mas o que tem a ver a biodiversidade com o tema da CF deste ano?
No dia 22 de maio comemoramos o Dia Internacional da Biodiversidade e não é por acaso que há exatamente 1 mês atrás, em 22 de abril, comemorávamos o Dia da Terra. Portanto, em nossa existência, tudo está muito conectado!
Vamos a seguir tentar explicar para que todos nós façamos uma reflexão sobre o assunto que estamos abordando e vamos nos ater sobre a importância da biodiversidade no planeta, suas consequências sobre a manutenção da vida e a saúde do nosso sofrido povo brasileiro.
Primeiramente vamos conceituar o significado da palavra biodiversidade:
Biodiversidade (bio = vida, diversidade = variedade) ou Diversidade Biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécie, entre espécies e de ecossistemas. (Convenção sobre a Diversidade Biológica, pág. 9, art. 2.).
Este artigo tem como objetivo introduzir ou evoluir um assunto tão importante, visando sobretudo e ambientalmente falando, uma possível mudança de atitude sobre a vida que vivemos e em tudo que está a nossa volta. Claro que, levando em consideração a crença de cada um, mas também, neste caso, a compreensão do leitor sobre a importância para as nossas vidas e das futuras gerações com relação ao meio ambiente e a biodiversidade em nosso planeta. Neste caso, o grande desafio na compreensão de cada indivíduo, é compreender que a biodiversidade não é somente a variedade de vida na Terra, mas sim toda a inter-relação que ela promove ao nosso redor, interagindo diretamente conosco e com o meio ambiente que vivemos.
Nosso Brasil é um país de dimensões continentais, possuindo uma das biodiversidades mais ricas do planeta, tem entre 10% a 20% das espécies catalogadas até agora. E vejam bem que nossa Amazônia não foi explorada sustentavelmente o suficiente para descobrirmos muito mais! Somente para o querido leitor saber que o Brasil, juntamente com o México, a Índia e a Indonésia, faz parte do grupo das 12 nações com a maior biodiversidade do planeta.
Mas qual a importância disso em nossas vidas e com nossa saúde?
É importante destacar que a biodiversidade não deve ser considerada apenas sob o ponto de vista do conservacionismo, uma vez que ela representa uma das fontes de recursos naturais mais importantes do planeta. Se formos pontuar somente na área da saúde, explicando um pouco sobre a ligação com o tema da CF deste ano, podemos citar: a polinização (₁) (lembrando-se que neste mesmo dia 22 comemoramos o Dia do Apicultor); na pureza do ar e da água; na medicina; entre outros. Mas o leitor já parou para pensar quanto valem os serviços da natureza? Da produção do oxigênio e de nitrogênio à manutenção das fontes de água doce do planeta; dos recursos florestais ao equilíbrio dos ecossistemas. Quanto vale uma água potável de uma nascente? Uma floresta em pé? Um lote de plantas medicinais? É importante conservar a diversidade de vida por razões médicas e econômicas. As plantas e os animais podem fornecer alimentos, remédios e outros produtos que salvam vidas e beneficiam toda a sociedade. Além disso, viver em um ambiente saudável equilibrado é uma maior garantia de saúde. Por isso necessitamos de políticas públicas que nos garantam investimentos e alocação de recursos públicos e privados para pesquisas na área da medicina e saúde. Porém não é isso que estamos percebendo muitas ações dos nossos governantes (das três esferas – federal, estadual e municipal), já que reduzem, a cada ano de gestão, o investimento para as áreas de saúde e pesquisa científica. Pois é, estamos falando de saúde, de políticas públicas e afinal, do tema proposto por nosso Bispo para a CF 2019.
A medicina, para o seu lucro, também depende da biodiversidade e isso também nos preocupa com a ausência de investimentos. Atualmente, mais de 50% das drogas prescritas e vendidas no mundo contêm compostos químicos orgânicos derivados de espécies selvagens, onde cerca de aproximadamente 25% dessas drogas vêm das plantas, outros 15% são derivados de fungos e bactérias e 10% são de origem animal. A maior parte das matérias-primas utilizadas pelo ser humano são de origem biológica, seja do setor florestal, dos oceanos ou da agropecuária. Existem pelo menos 30.000 plantas para a alimentação, além de substâncias para fabricar vacinas e remédios que podem curar diversos tipos de doenças graves. O valor dos produtos medicinais derivados das fontes citadas acima aproxima-se de mais de 50 bilhões de dólares/ano.
No Brasil e no mundo a manutenção da biodiversidade é de importância fundamental. O Primeiro Relatório Nacional para Conservação sobre a Diversidade Biológica (1998), produzido pelo Ministério do Meio Ambiente, mostra que possuímos aproximadamente 20% da biodiversidade da Terra, a flora mais rica, 10% dos anfíbios e mamíferos, 17% das aves, mais de 3 mil espécies de peixes de água doce e de 5 a 10 milhões de insetos. Temos “ainda” (não sabemos até quando devido a ação antrópica, isto é, da ação do homem), a maior floresta tropical remanescente que é a nossa Mata Atlântica, temos o Pantanal, a Amazônia, os biomas costeiros e marinhos, o Cerrado e a Caatinga que são biomas únicos no planeta que existem somente do Brasil.
A redução da Biodiversidade compromete a sustentabilidade do meio ambiente, a disponibilidade de recursos naturais e, assim, a própria vida na Terra. Sua conservação e uso sustentável, ao contrário, resultam em incalculáveis benefícios à Humanidade. Por fim, podemos afirmar que o equilíbrio da biodiversidade na Terra, aplicação de investimentos com política públicas eficazes para a saúde e pesquisa científica, são medidas fundamentais para a saúde de todos os seres vivos, como nossos bisavôs, avós, pais, irmãos, nós mesmos, nossos filhos e outros que estarão por vir neste lindo ciclo da vida.
Vamos refletir e rezar conjuntamente por nossa saúde, do planeta e das futuras gerações. A paz de Cristo.
(₁) Polinização: Em busca diária por alimento, abelhas e outros insetos, além de alguns pássaros e morcegos, transportam o pólen de uma planta para outra, pois enquanto param numa flor, para sugar o doce néctar, ficam empoeirados com o pólen. Ao voarem para outra flor, parte desse pólen se desprende e pode fecundar os óvulos e produzir sementes. A polinização não só ajuda as plantas silvestres, como também algumas plantações dependem desses polinizadores naturais.
Colaborou: Paulo Renato
Pascom, Movimentos ECC e Fé e Dons