Colaboração do Leitor – Junho 2019
O Pecado
O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo. Fere a natureza do homem. Foi definido, por Santo Agostinho, como “uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna”.
O acúmulo de pecados nos enfraquece, vai nos distanciando de Deus e, consequentemente, nos expõe à distúrbios psicológicos, doenças físicas, morais e à possessão diabólica.
O pecado é ofensa à Deus. É uma desobediência, uma revolta contra Deus. “Opecado é o amor de si mesmo até o desprezo de Deus”, explica Santo Agostinho.
A variedade dos pecados é grande. As Escrituras nos fornecem extensa lista. A Carta aos Gálatas destaca as obras da carne em oposição ao fruto do Espírito: “As obras da carne são manifestas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdias, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno, como já vos preveni: os que tais coisas praticam não herdarão o Reino de Deus” (5,19-21).
A Gravidade do Pecado: Pecado Mortal e Venial
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) destaca que os pecados são avaliados segundo a sua gravidade. “O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem; desvia o homem de Deus, que é seu fim último e bem-aventurança”. Já o pecado venial “deixa subsistir a caridade, embora a ofenda e fira”.
Para que um pecado seja mortal requerem-se três condições: ato grave cometido conscientemente e deliberadamente, como a blasfêmia, que é contra o amor a Deus; ou o homicídio e o adultério, que são contra o amor ao próximo. Quando, porém, a vontade do pecador é um retrato de uma desordem, mas não é contrário ao amor a Deus e ao próximo, como palavra ociosa e riso supérfluo, tais pecados são venias.
O pecado mortal acarreta a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do reino de Cristo e a morte eterna no inferno. No entanto, devemos confiar o julgamento sobre si próprio ou sobre as pessoas à justiça e misericórdia de Deus.
Já o pecado venial é uma desordem moral que enfraquece a caridade e impede o progresso da alma no exercício das virtudes. Mas é importante lembrar que o pecado venial deliberado, e que fica sem arrependimento dispõe-nos, pouco a pouco, a cometer o pecado mortal!
Pecado Contra o Espírito Santo
“Aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não terá remissão, para sempre. Pelo contrário, é culpado de um pecado eterno” (Mc 3,29). A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa, deliberadamente, a acolher a misericórdia de Deus, pelo arrependimento, rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à perdição eterna.
Pecado Social
O pecado é um ato pessoal, mas também temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos: participando direta e voluntariamente; mandando; aconselhando; louvando ou aprovando esses pecados; não os revelando ou não os impedindo, quando a isso somos obrigados; ou protegendo os que fazem o mal. Assim o pecado torna os homens cúmplices uns dos outros.
A Misericórdia e o Pecado
O Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os pecadores. O anjo o anuncia a José: “Tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21).
O mesmo se dá com a Eucaristia, sacramento da Redenção: “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos para a remissão dos pecados” (Mt 26,28).
“Deus nos criou sem nós, mas não quis salvar-nos sem nós”, disse Santo Agostinho. Portanto, acolher sua misericórdia exige da nossa parte a confissão de nossas faltas: “Se dissermos: “Não temos pecados”, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos nossos pecados, Ele, que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça” (1Jo 1,8-9).
Colaborou: Solange Ribeiro