A nova família
Atendendo ao chamado do mundo contemporâneo e ao ritmo frenético em que homens e mulheres passaram viver, é natural que os modelos tradicionais de família fossem pouco a pouco sendo substituídos. Podemos aqui chamar modelos tradicionais de família, os vividos nos anos 20 e 30 cujo pai era o gestor, provedor e personagem principal da organização. Sim, a história mostra que o conceito de família mudou ao longo do tempo. Mas de qualquer jeito, podemos dizer que, a família nuclear ainda é a unidade social mais comum. Porém, mesmo no modelo de família nuclear, um grande número de pais participam dos cuidados de seus filhos e as esposas trabalham fora e às vezes são elas, as chefes da família.
Seja a família composta por um casal e seus filhos ou desses com agregados filhos de outras uniões, de avós e até de sobrinhos, o que precisamos refletir é o modelo de família que é esperado de um cristão. De certo que vivemos no mundo moderno e somos espécie de reféns dos conceitos que nos são impostos dia a dia pela mídia, pelo consumismo, pela pressa de ascensão econômica, mas não devemos nos deixar pressionar a ponto de perder a essência, a beleza dessa vida partilhada, que é a família.
Vemos com tristeza e achamos até comum, as crianças encarregadas de atividades extraescolares muitas vezes acima da sua capacidade de suportar. Acumulam cursos de inglês, futebol, balé, natação etc. enquanto os pais acumulam horas de trabalho. A falta de contato, de diálogo, de interação é preocupante. O jantar com a família é constantemente adiado e a falta de tempo e o sono, ícone dos tempos modernos, deixa a mesa cada vez mais vazia.
Quando falamos de família cristã, não estamos nos referindo a algo utópico, a uma família perfeita, que infelizmente a maioria das pessoas não tem. Estamos nos referindo a um lar. Local onde aprendemos a viver em comunidade, a amar e respeitar as individualidades. O lar cristão é local de oração de uns pelos outros, local de compaixão, de solidariedade. Quando aprendemos a viver bem esses três pontos na família, estamos preparados para enfrentar os desafios do mundo moderno com retidão e amor.
O sínodo dos bispos sobre as famílias, infelizmente não avançou em algumas questões que especialmente nós, latino-americanos, vivemos cotidianamente como, por exemplo, a informalidade do casamento. Também não avançou nas questões relacionadas aos casais de segunda união, que seguem sem poder se aproximar da Eucaristia, mas convida a Igreja a acolher com delicadeza esses casais e seus filhos, para que possam através da comunhão espiritual e dos trabalhos pastorais, fazer parte do corpo de Cristo.
Oremos por todas as famílias, em todas as circunstancias que se encontrarem. Oremos por todos os pais e mães angustiados por acertarem um caminho seguro para a correta educação de seus filhos nas bases do amor e da misericórdia. Oremos pelos filhos, que possam ser arrimo de seus pais na velhice, cuidando e amando da mesma forma como foram amados por eles.
Que assim seja.
Ana Clébia – Pascom Loreto.